Brasil nas Operações de Paz da ONU – representatividade das polícias

Há décadas, o Brasil participa em missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), contribuindo com a promoção da paz e segurança internacionais em todos os continentes do mundo, com a cessão de funcionários civis, militares das Forças Armadas e policiais militares brasileiros, integrando esses últimos, os componentes policiais das missões de paz.

Desde 1991, quase 500 homens e mulheres das policiais militares brasileiras atuam no monitoramento, aconselhamento, fiscalização, reestruturação das polícias e órgãos dos sistemas judicial e criminal, promoção e verificação de direitos humanos, treinamentos, desenvolvimento, operações, e várias outras atividades em países em conflitos ou pós-conflitos.

Pela primeira vez na história, no ano de 2017, após décadas de tentativas, um policial militar brasileiro logrou êxito ao ser selecionado para ocupar um cargo estratégico na Sede da ONU, em seu Quartel-General da localizado em Nova Iorque. Após participar de vários e longos processos seletivos, com policiais dos 193 estados-membros da ONU, o Major Sérgio Carrera, da Polícia Militar do Distrito Federal – PMDF, foi selecionado para trabalhar na Divisão Policial do Escritório de Estado de Direito e Instituições de Segurança do Departamento de Operações de Paz da ONU.

O Major Sérgio Carrera tem 22 anos de serviço e um intenso currículo acadêmico e profissional. Ele é consultor e instrutor ad hoc do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU para polícia e direitos humanos, docente no Brasil e exterior, tem larga experiência internacional, com participação em 3 missões internacionais da ONU, sendo duas delas operações de paz. É referência para temas de paz e segurança no Brasil em outros países e goza de uma carreira construída em unidades operacionais, especializadas e de ensino na PMDF. O Oficial da PMDF ocupa cargos de Gestor de Componentes Policiais de Missões de Paz da ONU e membro da Unidade de Crimes Transnacionais e Organizados da Divisão Policial.

O Sr. Marcio Derenne, Delegado Especial do Departamento da Polícia Federal (DPF) também participou de um certame internacional promovido pela INTERPOL, sendo selecionado para o cargo de Oficial de Ligação (Especialista) do Escritório do Representante Especial da INTERPOL junto a ONU, sendo o primeiro policial brasileiro a ocupar um cargo na representação da INTERPOL em Nova Iorque.

Considerando a importância e representatividade do cargo que ocupa, o Departamento da Polícia Federal e o Ministério da Justiça e Segurança Pública decidiram por autorizar sua missão definitiva de 3 anos, após sua missão precursora de 3 meses em 2018. Percebe-se a clara análise estratégica por parte do DPF e MJSP, com uma decisão de suma importância para a cooperação internacional policial do Brasil e a devida maturidade em pensar nos ganhos institucionais e nacionais.

Dentre suas principais funções estão a de identificar e firmar parcerias em projetos sobre contra-terrorismo, controle de fronteiras (border management) e operações de manutenção de paz (peacekeeping operations) entre ONU e INTERPOL. Ele tem atuação especial em parceria com a Divisão da Policia da ONU (United Nations Police – UNPOL), o Conselho de Segurança da ONU, UNOCT e UNODC.

Coincidentemente, ambos os policiais brasileiros trabalham em vários projetos conjuntos e são os elos para vários assuntos tanto pela Divisão Policial da ONU quanto para o Escritório da INTERPOL junto as Nações Unidas.

Em marco de 2019, em projeto conjunto entre a INTERPOL e a Divisão Policial da ONU, o Major Sérgio Carrera viajou, por um período de 14 dias, para a cidade de Bangui, capital da República Centro-Africana, com o objetivo de acompanhar as atividades de instalação dos equipamentos de antena e de software da INTERPOL no Aeroporto Internacional de Bangui e coordenar e ministrar treinamento conjunto com integrantes da INTERPOL e a Polícia da ONU na Missão de Paz da ONU no país africano, além das as autoridades das polícias locais. Essa atividade faz parte do projeto de Crimes Organizados e Transnacionais da ONU.

A dimensão internacional e a bagagem em trabalhar com temas de segurança pública no sistema internacional não apenas é motivo de prestígio para o Brasil, mas, com certeza, um ganho de conhecimento e a viabilização de oportunidades na representatividade brasileira no cenário internacional, na área da segurança pública.

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