Engenharia do consenso

A depredação ocorrida na Esplanada dos Ministérios em 24 de maio de 2017, promovida por vândalos organizados em grupos de estrutura de guerrilha, é apenas um dos mais fortes sintomas da engenharia do consenso levada a cabo por grupos que se dizem defensores da igualdade social. Ela é a violenta consequência de uma campanha arquitetada de forma sorrateira por estes mesmos grupos, aproveitando-se da capilaridade das redes sociais, do bloqueio do indivíduo perante a pressão do grupo, da consequente apatia em se pensar por conta própria e da barragem de doutrinação de discursos voltados ao dissenso e fragmentação social. Tais grupos de ideologia perniciosa querem que a sociedade caia em um sono hipnótico sob a ilusão de conceitos inventados, além de procurar nos fazer cortar os laços de lealdade com nosso passado e seus “conceitos ultrapassados”, pois, quanto mais abandonarmos tais conceitos, mais cooperaremos com aqueles que pretendem tomar de assalto o ânimo nacional. Essa manobra é entendida como sendo a articulação de operações psicológicas em uma guerra fria e irregular contra a sociedade brasileira e que projeta o enfoque do conflito para o interior da própria sociedade, de forma a erodir a vontade e a moral do País.

Brasília, Capital do Brasil, em 24 de maio de 2017: cenas de guerra civil.

            É notável nas ações de guerra psicológica engendrada por estes grupos que se dizem atuar na seara social os ensinamentos de radicais como Saul Alinsky, em sua obra “Rules for radicals”, ecoadas de forma nem tão sutil por Guilherme Boulos tanto em seu livro “De que lado você está?”, – voltado para a instrumentalização sistemática de anseios populares por meio de discursos cinzentos que meramente utilizam temas sociais como pretexto para avançar com ações voltadas ao colapso da sociedade sem, entretanto, sequer querer debater e implementar ações consistentes para a solução de tais demandas sociais – bem como suas ações guiadas pelo “Mini-manual do guerrilheiro urbano”, de Carlos Marighella: como exemplo, temos a invasão pelo MTST, coordenado por Boulos, de um hotel abandonado em Brasília (após vários outras ações de depredação na capital federal), usado como ponto de prostituição e tráfico de drogas; e de seu gêmeo MSTS, que se uniu ao PCC no comércio de narcóticos na cracolândia em São Paulo; e convém citar o MST, que após tantos anos de um governo que se disse defensor de suas causas, continua existindo e usurpando recursos públicos, amedrontando a população. Textos como os de Alinsky e Boulos, programas de televisão, páginas na internet e principalmente em redes sociais baseados na temática de suposta inclusão social e visibilidade de grupos ditos excluídos vão erodindo a espontaneidade e criatividade de pensamento e ideias dos indivíduos (os famosos “textões problematizadores lacradores”), de forma a torná-los clichês estéreis e simplificados, embora mantendo a ilusão de originalidade e individualidade. O indivíduo pensa cada vez mais nos “valores” propagados pela mídia de massa, substituindo valores pessoais baseados em sua própria consciência e avaliação ética. Cabe dizer que tanto os citados “textões problematizadores” como outras tantas formas de protesto semelhantes que se encontram têm fulcro na indignação seletiva, na qual duas situações parecidas, por exemplo, uma deputada que se sentiu ofendida por um comentário em uma rede social e uma jornalista agredida em um aeroporto, são tratadas de forma distinta a depender da identificação ideológica da pessoa agredida, com muito mais foco e ênfase naquela que for simpática à agenda do grupo.

            A estratégia de uso de manobras psicológicas enquanto armas não é novidade. Povos primitivos utilizavam máscaras, a fascinação da mágica e discursos proferidos em tom de voz alto e ameaçador para assustar e convencer pela submissão. Atualmente as máscaras, no sentido literal, não são mais usadas, mas a forma de discurso baseada na coação e no medo permanece, projetado e ampliado pela rápida publicidade promovida por redes sociais. Em que pese os enormes benefícios trazidos pela diminuição virtual de espaços, esta trouxe consigo a possibilidade de transmissão da virulência de discursos em cujos versos pontuam-se objetivos de dividir e destruir. Essa barragem de doutrinação aliada à saturação dialética, a invasão de palavras que se aliam a uma “novilíngua” – por exemplo, com substituições de artigos definidos pela letra “x”, em uma tentativa de fazer avançar o tema da ideologia de gênero – é uma contínua coerção sobre nossas mentes e sentidos, e por intermédio da repetição e condicionamento pavloviano, exaurem o indivíduo e o fazem se render a discursos promovidos pela sugestibilidade contínua e hipnose lenta dos veículos de comunicação, caindo em uma suposta integração na qual a opinião individual é estereotipada. E caso o indivíduo ouse discordar e emitir opinião que não esteja em consonância, será rapidamente acusado daquilo que os próprios acusadores são, além de exposto e execrado, posto que para eles só existe liberdade de expressão dentro de seus próprios parâmetros conceituais.

            Essa submissão em massa passa por levar a sociedade a adorar um sujeito supostamente salvador social em detrimento do próprio bem-estar. A pasteurização da opinião pública aproveita-se da necessidade de satisfação de fantasias privadas ao custo de valores reais, com o público tornando-se condicionado a valores frívolos. A decência e a individualidade são abandonadas esta época de muito barulho e frustrações, a qual transforma o indivíduo em um “robô teimoso”, pois pretensamente tem uma opinião forte e balizada, levado pela “Zeitgeist” rasa e oca envenenada por uma retórica dissimulada e evasiva, acuado pela lenta coerção da hipocrisia, já que é mais cômodo aceitar de forma automatizada discursos prontos e ideologias de cunho pretensamente social, para não parecer destoante diante do grupo. O indivíduo, pressionado pela artilharia ideológica, para de fazer suas próprias análises e passa a apoiar-se passivamente na opinião alheia, acuado pela imposição de uma relação parasitária, na qual um grupo se locupleta de um discurso de fundo social, deturpando as agendas de necessidades legítimas e sufocando a possibilidade de diálogo com uma barreira de discursos maniqueístas, visando a subordinação e submissão da capacidade de raciocínio individual em prol da pasteurização ideológica.

            É perturbador como em estudos de psicologia social, a exemplo do promovido por Solomon Eliot Asch (“Opinions and Social Pressure”), ainda em 1955, mostram que a influência de uma autoridade é mais importante que sua qualidade. Daí surge um indivíduo que, graças a um aparato de propaganda que desperta e fortalece impulsos infantis para instrumentalizar o paradoxo cultural de estimular as vontades e necessidades humanas, mostra-se enquanto salvador, sancionando as expressões dos impulsos mais antissociais, apelando à criança interna de indivíduos com resistência e resiliência mentais discutíveis. E nisso vemos as consequências dessa campanha de guerra psicológica, com exemplos que vão da tentativa de denegrir a imagem da Polícia Militar em uma cena de uma novela, a criminosos tendo direito ao “saidão” nas festas juninas, a zumbis doutrinados cuspindo em senhores militares da reserva do Exército Brasileiro, a invasão e depredação de prédios públicos nas capitais brasileiras, a cretinização nas instituições públicas de ensino superior. São pequenos e pontuais exemplos, dentre tantos outros, constrangedoramente diários, do avanço paulatino dos temas da Escola de Frankfurt e de sua metástase em território nacional, o Foro de São Paulo, os quais se somam de forma ardilosa no subconsciente coletivo e obscurecem o raciocínio individual.

            É possível notar, portanto, uma ação sistemática de conspurcação da moral da sociedade brasileira por um grupo inescrupuloso, com o intuito de apresentar-se, eventualmente, como “salvador da Pátria”, que avança com sua agenda de neutralização do indivíduo em benefício do nivelamento por baixo, e pela própria régua ideológica, promovida por grupos e sujeitos que têm como prioridade interesses diversos e adversos dos que beneficiam ao País como um todo, com um projeto de poder pelo poder, ao arrepio de valores como honra e justiça. Um povo de pensamento anódino e rendido é mais propenso a se entregar a soluções governamentais paternalistas, e torna-se refém das próprias necessidades e da ideologia subjacente inserida em sua estrutura psicológica.

Wellington Lange.

Foto: Movimento Brasil no Facebook.

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