Os integrantes das forças de segurança sofrem historicamente com uma baixa representatividade nas casas legislativas, seja no âmbito estadual ou federal, particularmente quando se trata das polícias militares. O quadro foi levemente alterado na última legislatura com a eleição de alguns representantes vindos das corporações militares estaduais e do Distrito Federal. Candidatos com raízes nas polícias judiciárias, polícias civis e polícia federal também conquistaram algum espaço. Estes parlamentares acabaram unidos pelo discurso da segurança pública e da defesa das instituições formando uma frente que foi apelidada de “Bancada da Bala”.
Entretanto, o resultado da última eleição foi o prenúncio de uma nova força na política nacional, tudo indica que a antiga “Bancada da Bala” terá a força de uma divisão blindada. O destaque foi o poder de fogo conquistado pelos militares estaduais (polícias e corpos de Bombeiros Militares), foram eleitos 21 parlamentares egressos das polícias e corpos de bombeiros militares, sendo 19 deputados federais e dois senadores. A conquista fundamental para as forças de segurança principalmente com a probabilidade, cada vez maior, de uma reforma da previdência e a ameaça constante às carreiras militares nos estados e no DF. Parece que finalmente foi erguida uma barreira intransponível aos defensores do processo de desmilitarização das polícias, bode expiatório da segurança pública. Com a força de uma “Blitzkrieg” foi aberta uma avenida para a discussão do verdadeiro problema do sistema policial brasileiro, o ciclo completo de polícia. A próxima legislatura pode entrar para história como aquela que acabou com as polícias pela metade e consolidou a autonomia e independência das corporações.
Com o poder de fogo adquirido pela bancada parece verosímil a revisão da legislação penal e de questões que tem atado as mãos dos operadores de segurança pública no combate ao crime, entre elas: as audiências de custódia; a redução da maioridade penal; a revisão do estatuto do desarmamento; as progressões prematuras de pena; os saidões; e a política de desencarceramento. Pontos considerados como estímulos a reincidência criminal e de desvalorização do trabalho policial.
Mas não foram apenas os militares estaduais que tiveram um desempenho inédito nestas eleições, surfando na onda conservadora, as forças armadas e as polícias judiciárias também conseguiram marcas expressivas na eleição de seus representantes. Foram 14 parlamentares com passagem pelas polícias judiciárias (Polícia Civil e Federal), sendo 12 deputados e 02 senadores. A Polícia Rodoviária Federal conseguiu emplacar 03 deputados que passaram por suas fileiras e o Exército Brasileiro tem 06 deputados que envergaram o uniforme verde-oliva, sem contar os oficiais que devem compor o governo Bolsonaro, como o General Mourão e o General Heleno.
Além de todos os congressistas egressos das forças de segurança e defesa, temos aqueles que não possuem carreira nas corporações mas estão alinhados política e ideologicamente à bancada. Como o Senador eleito pelo Espírito Santo Marcos do Val, instrutor em cursos operacionais para policiais. Também agrega o grupo o Senador eleito pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro e seu irmão Deputado Eduardo Bolsonaro. Claro que não se trata de um bloco monolítico, mas esta força política não poderá ser ignorada independente de quem seja eleito.
Confira todos os parlamentares eleitos que poderão compor a “Bancada da Bala”:
AMAZONAS
BAHIA
CEARÁ
ESPÍRITO SANTO
GOIAS
MARANHÃO
MATO GROSSO
MINAS GERAIS
PARÁ
PARAÍBA
PARANÁ
PIAUÍ
RIO DE JANEIRO
RIO GRANDE DO NORTE
RIO GRANDE DO SUL
RONDÔNIA
RORAIMA
SANTA CATARINA
SÃO PAULO
SERGIPE