Associação nega despreparo ou excesso de PMs em protesto no DF

 

A Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal afirmou nesta quinta-feira (12) que não considerou “truculenta” ou excessiva a ação dos policiais militares durante as manifestação no 7 de Setembro em Brasília. No feriado, houve confrontos entre políciais e manifestantes, depredações, feridos e 50 prisões.

“O que aconteceu no sábado não foi uma manifestação. Aquilo foi um movimento de baderna, de criminosos. As pessoas que foram lá quebraram vidraças do patrimônio público e privado e só não foi pior porque nossos policiais prenderam essas pessoas que estavam lá”, disse o presidente da associação, major Sérgio Roberto Roballo.

O major não quis se pronunciar sobre o caso do capitão do Batalhão de Choque Bruno Rocha que aparece em um vídeo dizendo que lançou gás lacrimogêneo contra manifestantes “porque quis”. O Ministério Público pediu à Polícia Militar a abertura de inquérito para investigar a conduta do policial.

“Eu não vou me posicionar em relação ao caso do capitão Bruno porque o que foi mostrado pra gente foi um material editado”, disse. “A partir do momento em que mostrarem toda a edição que foi feita, com certeza vou me pronunciar. A pessoa que se sentir lesada tem todo o direito de procurar os órgãos normalistas para denunciar, a Corregedoria, o Ministério Público.”

Cavalaria da PMDF durante os protestos. Atuação exemplar.

Para o subtentente Ricardo Pato, não é possível analisar o vídeo sem saber o que aconteceu antes. “Um policial quando reage com força é porque já chegou no extremo dele. Já suportou tudo. A gente não sabe o que aconteceu antes”, afirmou. “Muitas vezes, a pessoa está do seu lado e está te instigando o tempo todo, te xingando, xingando a sua família, te esculachando. Na hora que filma, filma a hora que a polícia vai pegar ele.”

“Nós levamos a pedrada é de frente. Você vê algum policial com máscara de gás sem ser o Bope? Nós não temos. Nós cheiramos gás como qualquer um de vocês. O efeito que faz em você faz em mim também. Nós levamos tudo na frente. É pedrada, é paulada, é cusparada, tudo na nossa cara,” disse Pato.

Os integrantes da associação também manifestaram descontentamento com a situação geral da Polícia Militar. Eles afirmam que se sentem ‘acuados’ e sem apoio do Estado e da população.

“Os policiais militares do Brasil passam por uma situação dificílima. Têm que reagir, mas estamos acuados e sem defesa”, disse o major José Ribamar de Souza Cruz. “Estamos aqui para defender colegas que estão na frente de batalha. A partir da hora que o Estado não apoia, prevalece a bagunça.”

“Os policiais estão revoltados. Os policiais não se sentem apoiados ou valorizados pelo Estado, não são reconhecidos pela população e são desvalorizados pela imprensa”, disse o subtenente Ricardo Pato. “A realidade hoje é que o policial militar está sendo tolhido muitas vezes de agir e está ficando com medo de agir. Toda vez que você vai agir, todo mundo tem um aparelho de telefone celular. Ele tem que pensar dez vezes no que ele vai fazer.”

Sobre supostos excessos com jornalistas que trabalhavam durante o protesto, o major afirmou que a Polícia Militar pretende oferecer um curso aos profissionais de imprensa sobre como atuar durante os protestos para não serem confundidos com manifestantes.

Protestos

Os protestos no Dia da Independência tiveram início assim que terminou o desfile oficial, pouco depois das 10h. Um grupo de manifestantes concentrados diante do Museu da República iniciou a caminhada da Marcha Contra a Corrupção, em direção ao Congresso Nacional.
No trajeto, houve tensão entre policiais e manifestantes perto da Catedral de Brasília. Policiais tentaram barrar a caminhada, mas acabaram liberando.

Policiais do Batalhão de Choque da PMDF socorrem repórter ferido durante as manifestações. Ação exemplar.

Ao chegar ao Congresso, um grupo de cerca de 300 pessoas (segundo a Polícia Militar), parte das quais mascaradas, trocaram empurrões com policiais, na tentativa de se aproximar da entrada do prédio, cercada por uma barreira de PMs. Policiais usaram spray de pimenta para afastar manifestantes que insistiam em avançar para o Congresso.

No início da tarde, o grupo que estava no Congresso se juntou a outros que vinham de outros pontos da cidade e passaram a caminhar em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha, onde a partir das 16h15 as seleções de Brasil e Austrália disputaram um amistoso.

No trajeto, manifestantes depredaram estabelecimentos comerciais e carros e houve confronto com a polícia na região central de Brasília.
No Eixo Monumental, uma das principais avenidas da capital federal, policiais militares se perfilaram para impedir a passagem dos manifestantes que tentavam chegar ao estádio. Houve conflito. Foram lançadas bombas de gás e spray de pimenta contra os manifestantes. Dois repórteres fotográficos ficaram feridos.

Fonte: G1

Fonte das fotos: André Gustavo Stumpf

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