Livro: Ponerologia Psicopatas no Poder

Ponerologia vem do grego Poneros, ou Mal, ou seja, é a ciência que estuda o Mal e a sua gênese por meio das ciências Psicossociais.

O autor, um grande catedrático da psiquiatra polonesa, estudou com uma numerosa equipe e com uma amostra considerável de pessoas, durante mais de vinte anos, os processos e doenças que geram a chamada “ponerogênese”, que é a geração do Mal nas pessoas e o seu alastramento pela sociedade inteira.

Como ele fez o estudo durante o período socialista da Polônia da União Soviética ele e sua equipe na universidade foram perseguidos, presos e alguns executados.

O livro só foi publicado depois da sua fuga para o ocidente e pela primeira vez foi traduzido para a língua portuguesa pela Vide Editorial pela pena de Adelice Godoy e tem prefácio do Professor Olavo de Carvalho.

Um dos fatos mais impressionantes do livro é a conta que o cientista chega que 6% da população padece de algum tipo de psicopatia, ou seja, não tem, ou tem a capacidade de sentir e interagir de forma empática com os demais da sociedade diminuída ou alterada.

Isto se deve, entre outros fatores, a uma incapacidade neurológica de entender os sentimentos e sofrimentos das outras pessoas.

Em uma pessoa normal, ao ver ou ter que interagir em uma situação emocional, o estímulo vai da parte sensorial a parte frontal do cérebro, onde se processam as emoções. Em um psicopata, estes estímulos, ao invés de ir para a parte frontal cerebral, vão para a parte que processa a linguagem, ou seja, a pessoa não sente absolutamente nada e, por convenções morais sociais, ativa a imaginação e a fala para que possa se relacionar com os demais. Isto em uma escala pessoal é um fator determinante no desajuste e na vida das pessoas que cercam este indivíduo, pois ele lhes causa dor e sofrimento. Em uma escala coletiva, em que indivíduos maus se juntam e conseguem comandar uma nação, é uma tragédia.

Isto é possível de acontecer, e aconteceu historicamente, devido a uma peculiaridade destes indivíduos maus de se reconhecerem em meio à multidão e se juntarem em quadrilhas, máfias, seitas e partidos políticos.

Em uma sociedade saudável, em que o nível moral e intelectual da maioria da população é alto, estes indivíduos não conseguem se ajustar e são relegados a funções inofensivas, ou presos se tornam criminosos ativos. Contudo, em uma sociedade decadente de valores morais e sem uma vida intelectual ativa, estes indivíduos conseguem avançar por todos os níveis e causar a chamada “ponerogênese” que vai ter um custo imenso até que possa ser controlada e os indivíduos anulados. Em alguns países a escravidão pelos maus demora dezenas de anos para acabar.

Isto basta, por si só, para demonstrar como que regimes totalitários conseguem chegar ao poder e dizimar, por meio de genocídio, a grande maioria da população de maneira sistemática. Serve também de alerta para que os bons nunca, nunca mesmo, durmam o sono da morte, pois os 6% estarão sempre de prontidão esperando a oportunidade de agir.

Outro aspecto importante relatado pelo autor é existem períodos cíclicos que se repetem na história das sociedades onde, depois de um período de “dias felizes”, onde as pessoas, devido a um período longo de paz e prosperidade, começam a viver uma vida fútil e tagarela, relegando os deveres da alma e do intelecto a um segundo plano. Este período sempre deságua em “dias infelizes” pois os maus, se aproveitando da estupidez da maioria da sociedade começam a se fortalecer até conseguir o poder sobre todos e eclodir uma ponerogênese. Basta lembrar dos “felizes anos 30” antes da Segunda Guerra Mundial, ou o período que o Brasil atravessa agora para entender isto de maneira autoevidente.

Um detalhe importante que escapa ao autor, que por ser um cientista de formação materialista, é a ausência de uma conexão espiritual dos males ou do Mal em si. Como ele dedicou a sua vida inteira a psiquiatria ele faz uma leitura da realidade hiper dimensionada deste aspecto, sem fazer a inter-relação com a filosofia e com a teologia, áreas que ele não domina em profundidade.

Outro problema do autor em sua exposição, que é uma tendência em vários pensadores e cientistas durante o tempo, é que ele cai na tentação de se deixar levar por pensamentos perigosos em eugenia e no papo de “Governo de iluminados”. Esta tentação, em que caíram homens como Platão e outros grandes homens, é de uma problemática clara na história humana, pois quaisquer homens que se julguem acima dos demais por sua capacidade intelectual para fazer o que bem quiserem é a fórmula para uma ponerogênese. Pena que o autor não perceba isto.

Mas longe de desqualificar o trabalho do autor isto mostra apenas que temos que continuar estudando este problema, o Mal e a geração de pessoas más na sociedade, de maneira mais profunda e interdisciplinar, pois o trabalho desenvolvido até aqui foi brilhante.

Que os 94% da população, especialmente aqueles que ter por dever e juramento protege-la dos maus, estudem e fiquem sempre alertas para que os 6% maus não consigam, jamais, poder total sobre eles.

Olavo Mendonça.

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