Juramento contra as heresias do Papa São Pio X

Poucos brasileiros sabem, mas o ataque a Igreja foi uma constante desde sempre e, a partir do século XIX, houve uma intensificação das tentativas de destruir o Corpo Místico de Cristo na terra por meio de heresias e infiltrações.

Todos os bons papas lutaram bravamente para deter essa infestação que poderia colocar a própria salvação do rebanho, no caso o povo de Deus, em risco. Dentre esses papas podemos destacar dois que foram particularmente combativos e militantes contra os inimigos de Deus e da Igreja: o Papa Beato São Pio IX e, de saudosa memória, Papa São Pio X.

São Pio X. O grande guerreiro de Cristo contra o mal das heresias.

Esse último, já no século XX, percebeu que o maligno e os seus asseclas estavam tentando demolir a Igreja por dentro, pois perceberam que por fora era impossível, já que ao perseguir abertamente a Igreja e os seus sacerdotes, fez foi aumentar a fé, a piedade e a santidade dentro da Igreja. Como disse o historiador romano, há quase dois mil anos, Tertuliano: “O sangue dos mártires é a semente de novas conversões”.

Por isso, iniciou-se um processo de infiltração, onde homens que já tinham se corrompido e dedicado a sua existência na terra a destruir a Igreja, foram enviados para entrar nela como sacerdotes e, como dizem as Sagradas Escrituras, viver “como lobos em pele de cordeiro”, ou seja, viver a vida sacerdotal normalmente, porém, no momento certo, começar a escrever e divulgar heresias das mais terríveis, com vistas a abalar a fé dos demais padres e do povo leigo.

palhaada na missa
Palhaçadas, heresias e profanação na missa. Era isso que os Papas tanto lutaram para que não ocorresse.

Ao perceber esse movimento, São Pio X, um papa de grande santidade e ao qual são atribuídos muitos milagres ainda em vida, como os dons maravilhosos da cura e da profecia, determinou algumas medidas enérgicas para que esse mal não avançasse como um tumor maligno dentro do tecido vivo da Igreja Católica.

Uma dessas medidas era que todos os padres, religiosos, freiras, catequistas, bispos e professores de escolas e seminários católicos deveriam proferir, solenemente, um juramento contra o “modernismo”.

Esse juramento foi promulgado em caráter perpétuo pelo Santo Padre, ou seja, essa lei tem a obrigação de ser seguida por todos dentro da Igreja para sempre. Ela foi posta em prática imediatamente, porém, o Papa Paulo VI o revogou em 1967. Contudo, temos plena convicção da sua validade atualmente onde as heresias e as blasfêmias crescem no seio da Santa Mãe Igreja.

Como “modernismo” definido no juramento, podemos entender um resumo de todas as heresias e blasfêmias que grassaram desde o início do cristianismo e que foram se acumulando e se agravando com o passar dos séculos, sofrendo o seu ápice depois da revolução francesa.

Esse juramento é de grande valia para todos os católicos, sejam sacerdotes, religiosos ou leigos, pois é um resumo de tudo aquilo que todo o cristão deve evitar e lutar, com todas as suas forças e com a Graça de Deus, para a saúde de sua alma e para evitar o risco mortal de perdê-la para o demônio, que nunca esteve tão forte e perigoso como hoje. 

Olavo Mendonça.

Leia abaixo o juramento contra o modernismo de São Pio X na íntegra:

  JURAMENTO CONTRA O MODERNISMO

Dado a Igreja por sua Santidade o Papa São Pio X.

Deve ser declarado, solenemente, esse juramento por todo o clero, pastores, confessores, pregadores, superiores de ordens religiosas e professores de filosofia e teologia nos seminários.

Eu, (deve-se dizer o nome em voz alta e clara), firmemente aceito e creio em todas e em cada uma das verdades definidas, afirmadas e declaradas pelo magistério infalível da Igreja, sobretudo aqueles princípios doutrinais que se opõem diretamente os erros do tempo presente.

Primeiro de tudo: Eu creio que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza e pode também ser demonstrado, com as luzes da razão natural em vista da obra da criação (Cf. Rm I 20), isto é, nas criaturas visíveis, como se conhece a causa pelos seus efeitos.

Segundo: admito e reconheço as provas exteriores da revelação, isto é, as intervenções divinas, especialmente os milagres e as profecias, como sinais certíssimos da origem sobrenatural da razão cristã, e as considero perfeitamente adequadas a todos os homens de todos os tempos, inclusive no tempo atual que vivemos.

Terceiro: com a mesma firme fé creio que a Igreja, guardiã e mestra da palavra revelada, foi instituída imediatamente e diretamente pelo próprio Cristo verdadeiro e histórico, que viveu entre nós, e que foi edificada sobre Pedro, príncipe da hierarquia apostólica, e sobre os seus sucessores através dos séculos até o fim dos tempos.

Quarto: mantenho sinceramente a doutrina da fé transmitida a nós pelos apóstolos através dos padres ortodoxos, sempre com o mesmo sentido e igual conteúdo, e rejeito totalmente a fantasiosa heresia da evolução dos dogmas de um significado a outro, diferente daquele que a Igreja professava primeiro; condeno semelhantemente todo erro que pretenda substituir o depósito divino confiado por Cristo à Igreja, para que o guardasse fielmente, por uma hipótese filosófica ou uma criação da consciência que se tivesse ido formando lentamente mediante esforços humanos e que continuaria o seu aperfeiçoamento indefinidamente.

Quinto: estou absolutamente convencido e sinceramente declaro que a fé não é um cego sentimento religioso que emerge da obscuridade do subconsciente por impulso do coração e inclinação da vontade moralmente educada, mas um verdadeiro assentimento do intelecto a uma verdade recebida de fora pela pregação, pelo qual, confiantes na sua autoridade suprema e verdadeira, nós cremos tudo aquilo que, pessoalmente, Deus, criador e senhor nosso, disse, atestou e revelou.

Submeto-me também com o devido respeito, e de todo o coração adiro a todas as condenações, declarações e prescrições da encíclina Pascendi e do decreto Lamentabili, particularmente acerca da dita história dos dogmas.

Reprovo outrossim o erro de quem sustenta que a fé proposta pela Igreja pode ser contrária à história, e que os dogmas católicos, no sentido que hoje lhes é atribuído, são inconciliáveis com uma visão realista das origens da religião cristã.

Desaprovo também e rejeito a opinião de quem pensa que o homem cristão mais instruído se reveste da dupla personalidade do crente e do histórico, como se ao histórico fosse lícito defender teses que contradizem a fé do crente ou fixar premissas das quais se conclui que os dogmas são falsos ou dúbios, desde que não sejam positivamente negados.

Condeno igualmente aquele método crítico de julgar e de interpretar a sagrada Escritura que, desdenhando a tradição da Igreja, a analogia da fé e as normas da Sé apostólica, recorre ao método dos racionalistas e com desenvoltura não menos que audácia, aplica a crítica textual como regra única e suprema.

Refuto ainda a sentença de quem sustenta que o ensinamento de disciplinas histórico-teológicas ou quem delas trata por escrito, deve inicialmente prescindir de qualquer idéia pré-concebida quanto à origem sobrenatural da tradição católica ou quanto à ajuda prometida por Deus para preservar e salvaguardar cada uma das verdades reveladas eternamente, e então interpretar os textos patrísticos somente com os princípios científicos, excluindo toda autoridade sagrada, e com a mesma autonomia crítica admitida para o exame de qualquer outro documento profano.

Declaro-me, finalmente, totalmente contrário a todos os erros dos modernistas, segundo os quais na sagrada tradição não há nada de divino ou, pior ainda, admitem-no, mas em sentido panteísta, reduzindo-o a um evento pura e simplesmente análogo àqueles ocorridos na história, pelos quais os homens com o próprio empenho, habilidade e engenho prolongam nas eras posteriores a escola inaugurada por Cristo e pelos apóstolos.

Eu firmemente mantenho, portanto, e manterei até o meu último suspiro na hora da morte, a fé dos Padres no carisma da verdade, que esteve, está e sempre estará na sucessão do episcopado aos apóstolos¹. O propósito disso é para que não se interprete nenhum dogma de acordo com que pareça melhor e mais consoante à cultura própria e particular de cada época, mas para que a verdade absoluta e imutável, pregada no princípio pelos apóstolos, não seja jamais crida de modo diferente nem entendida de outro modo².

Eu prometo manter todas essas resoluções fielmente, integralmente e sinceramente, e em guardá-las invioladas, sem jamais delas me desviar, seja ensinando, seja em gênero algum, por palavras ou escritos. Assim prometo, assim juro, e que Deus e os Santos Evangelhos me ajudem.

Em Latim:

Ego N. firmiter amplector ac recipio omnia et singula, quae ab inerranti Ecclesiae magisterio definita, adserta ac dedarata sunt, praesertim ea doctrinae capita, quae huius temporis erroribus directo adversantur.

Ac primum quidem: Deum, rerum omnium principium et finem, naturali rationis lumine per ea quae facta sunt (Rom 1,20), hoc est, per visibilia creationis opera, tamquam causam per effectus, certo cognosci, ideoque demonstrari etiam posse, profiteor.

Secundo: externa revelationis argumenta, hoc est facta divina, in primisque miracula et prophetias admitto et agnosco tamquam signa certissima divinitus ortae Christianae religionis, eademque teneo aetatum omnium atque hominum, etiam huius temporis, intellegentiae esse maxime accommodata.

Tertio: firma pariter fide credo Ecclesiam, verbi revelati custodem et magistram, per ipsum verum atque historicum Christum, cum apud nos degeret, proxime ac directo institutam eamdemque super Petrum, apostolicae hierarchiae principem, eiusque in aevum successores aedificatam.

Quarto: fidei doctrinam ab apostolis per orthodoxos patres eodem sensu eademque semper sententia ad nos usque transmissam, sincere recipio; ideoque prorsus reicio haereticum commentum evolutionis dogmatum, ab uno in alium sensum transeuntium, diversum ab eo, quem prius habuit Ecclesia; pariterque damno errorem omnem quo divino deposito, Christi sponsae tradito ab eaque fideliter custodiendo, sufficitur philosophicum inventum, vel creatio humanae conscientiae, hominum conatu sensim efformatae et in posterum indefinito progressu perficiendae.

Quinto: certissime teneo ac sincere profiteor, fidem non esse caecum sensum religionis e latebris «subconscientiae» erumpentem, sub pressione cordis et inflexionis voluntatis moraliter informatae, sed verum assensum intellectus veritati extrinsecus acceptae ex auditu, quo nempe, quae a Deo personali, creatore ac Domino nostro dicta, testata et revelata sunt, vera esse credimus, propter Dei auctoritatem summe veracis.

Me etiam, qua par est reverentia, subicio totoque animo adhaereo damnationibus, declarationibus, praescriptis omnibus, quae in encyclicis litteris Pascendi et in decreto Lamentabili continentur, praesertim circa eam quam historiam dogmatum vocant.

Idem reprobo errorem affirmantium, propositam ab Ecclesia fidem posse historiae repugnare, et catholica dogmata, quo sensu nunc intelleguntur, cum verioribus Christianae religionis originibus componi non posse.

Damno quoque ac reicio eorum sententiam, qui dicunt Christianum hominem eruditiorem induere personam duplicem, aliam credentis, aliam historici, quasi liceret historico ea retinere, quae credentis fidei contradicant, aut praemissas adstruere, ex quibus consequatur, dogmata esse aut falsa aut dubia, modo haec directo non denegentur.

Reprobo pariter eam Scripturae sanctae diiudicandae atque interpretandae rationem, quae, Ecclesiae traditione, analogia fidei et apostolicae Sedis normis posthabitis, rationalistarum commentis inhaeret, et criticam textus velut unicam supremamque regulam haud minus licenter quam temere amplectitur.

Sententiam praeterea illorum reiicio, qui tenent, doctori disciplinae historicae theologicae tradendae aut iis de rebus scribenti seponendam prius esse opinionem ante conceptam sive de supernaturali origine catholicae traditionis, sive de promissa divinitus ope ad perennem conservationem uniuscuiusque revelati veri; deinde scripta patrum singulorum interpretanda solis scientiae principiis, sacra qualibet auctoritate seclusa eaque iudicii libertate, qua profana quaevis monumenta solent investigari.

In universum denique me alienissimum ab errore profiteor, quo modernistae tenent in sacra traditione nihil inesse divini, aut, quad longe deterius, pantheistico sensu illud admittunt, ita ut nihil iam restet nisi nudum factum et simplex, communibus historice factis aequandum: hominum nempe sua industria, solertia, ingenio scholam a Christo eiusque apostolis inchoatam per subsequentes aetates continuantium.

Proinde fidem patrum firmissime retineo et ad extremum vitae spiritum retinebo, de charismate veritatis certo, quad est, fuit eritque semper in episcopatus ab apostolis successione (1), non ut id teneatur, quod melius et aptius videri possit secundum suam cuiusque aetatis culturam, sed ut numquam aliter credatur, numquam aliter intellegatur absoluta et immutabilis veritas ab initio per apostolos praedicata (2).

Haec omnia spondeo me fideliter, integre sincereque servaturum et inviolabiliter custoditurum, nusquam ab us sive in docendo sive quomodolibet verbis scriptisque deflectendo. Sic spondeo, sic iuro, sic me Deus adiuvet, et haec sancta Dei Evangelia.

Acta Apostolicæ Sedis, 1910, pp. 669-672

Adaptação da tradução para o português com base no texto em inglês, português e latim:
Olavo Mendonça.

Fonte:
http://www.saopiov.org/2009/03/o-juramento-antimodernista.html
http://promariana.wordpress.com/2010/09/01/juramento-anti-modernista-de-sao-pio-x/
http://www.papalencyclicals.net/Pius10/p10moath.htm
http://casadesarto.blogspot.com.br/2004/09/so-pio-x-e-o-juramento-contra-o.html

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.