Encontrado o pretório de Pilatos em Jerusalém

Há 15 anos começaram obras para expandir o museu da Torre de David, em Jerusalém.

A Torre de David é a cidadela defensiva da cidade de Jerusalém próxima da Porta de Jaffa, na parte antiga da cidade.

Apesar de seu nome, a atual Torre é de origem cruzada e otomana, de séculos bem posteriores, portanto.

Ela foi erigida sobre antigas fortificações das eras dos reis hasmóneos e herodianos, dos Cruzados e de árabes-maometanos. No período da ocupação turca e britânica, a Torre foi usada como prisão.

Ela e as fortificações predecessoras foram construídas no local onde no tempo de Nosso Senhor Jesus Cristo estava o Palácio de Herodes, o segundo maior prédio da cidade após o Templo.

No início da era cristã, os romanos haviam instalado suas autoridades em pelo menos uma parte do enorme palácio.

E sabia-se que ali estava o pretório de Pilatos e as instalações onde se realizou o mais famoso e injusto julgamento da História: o do Divino Redentor.

A Torre de David de construção cruzada e otomana posterior está sobre os fundamentos do Palácio de Herodes.

A Torre de David de construção cruzada e otomana posterior
está sobre os fundamentos do Palácio de Herodes.

A Torre de David hoje pode ser visitada, mas se desconhecia quase tudo sobre o que havia embaixo.

As obras de ampliação do museu levaram a fazer escavações que tardaram 15 anos.

Elas deviam ser feitas cuidadosamente, pois se suspeitava que cavando poder-se-ia chegar às ruínas do Palácio onde aconteceu uma dos mais transcendentais episódios da Redenção.

Muitos peregrinos hoje rezam o Via Crucis, ou Via Dolorosa, a partir do local onde se acredita que o cônsul romano Pôncio Pilatos presidiu o julgamento e ditou a mais injusta sentença da História contra Nosso Senhor.

O Via Crucis continua em sucessivos passos até o alto do Gólgota e o Santo Sepulcro.

No período bizantino a Via Dolorosa iniciava-se no local do atual museu. No século XIII partia da Fortaleza Antonia, antigo quartel romano.

Porém, religiosos, historiadores e arqueólogos discutiam o ponto exato, pois o Evangelho fala do “pretório” de Pilatos.

Plano de Jerusalém no tempo de Jesus. O palácio de Herodes aparece à esquerda junto à Porta de Jaffa. Mapa de uma enciclopédia de 1911. O palácio de Herodes aparece à esquerda junto à Porta de Jaffa.

“Pretório” é um termo romano que poderia ser interpretado como tenda, acampamento, ou também uma instalação dentro de um prédio, no caso, o palácio do rei Herodes.

Os romanos construíram também residências imponentes para seus governadores. Foi o caso do pretório de Colônia, Alemanha, que teve uma área construída de mais de 3 hectares.

Não foi esse o caso do pretório de Pilatos.

Para o arqueólogo Shimon Gibson, professor na Universidade de North Carolina em Charlotte, EUA, já não se duvida muito que o julgamento foi feito em algum local do complexo do palácio de Herodes, explicou reportagem do “The Washington Post”.

São João menciona um assoalho de pedra e a existência de ambientes diversos de onde Pilatos entrava e saía, detalhes que batem com o local hoje vasculhado.

“Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata”. (João; 19,13)

O arqueólogo Gibson diz , “obviamente não há uma inscrição dizendo que o julgamento aconteceu aqui. Mas os dados arqueológicos, históricos e os relatos evangélicos, todos conduzem até este local, e se encaixam uns nos outros”.

Segundo o “International Business Times”, a equipe de arqueólogos que tem o apoio do governo israelense, acha que foi encontrado verdadeiramente o local da condenação de Jesus.

Segundo eles, o julgamento deve ter acontecido naquela parte do Palácio de Herodes perto da Torre de David e que é o mesmo apontado pelos arqueólogos mencionados pelo “The Washington Post”.

Modelo do Palácio de Herodes mostra a Primeira Muralha e, da esquerda para a direita, suas três torres Fasael, Hípico e Mariane.

Raspando cuidadosamente com pás as camadas de ruínas e entulho da velha prisão otomana, os arqueólogos desvendaram restos de piscinas e fundamentos de muros, juntamente com um sistema de escoamento das águas, que parecem ter pertencido ao palácio do lascivo Herodes, o Grande.

Junto com essa descoberta, no mês de dezembro os arqueólogos confirmaram a descoberta de um grande túnel que introduzia em Herodium, uma fortaleza construída pelo mesmo rei 12 quilômetros ao sul de Jerusalém.

O jornal britânico “The Independent” também ecoou o achado.

O Museu da Torre de David está preparando um percurso para os peregrinos poderem visitar o local. Mas se deve aguardar ainda, enquanto o local é desentulhado.

Análoga matéria foi publicada pelo “The Daily Mail” de Londres, que também menciona como prova a análise cuidadosa das pedras que recobriam o chão do palácio.

Um outro tipo de dificuldades provém do fato de que a partir do século XIX algumas representações artísticas religiosas imaginam o tremendo acontecimento evangélico num local aberto.

O julgamento mais iníquo da História teria se dado na parte do Palácio de Herodes ocupado pelo governador romano.

Por isso, alguns imaginaram o ‘Pretório de Pilatos’ como sendo não num salão ou numa dependência de um palácio, mas um pátio.

A dificuldade, na realidade, é mais de estilo artístico do que de objetividade histórica.

A polêmica está aberta entre os cientistas, mas é quase certo que aquele foi o local.

O rei Herodes Antipas (20 a.C. – morto depois de 39 d.C.) era o rei no tempo da Paixão.

Ele foi um dos filhos de Herodes, o Grande (73 a.C. — Jericó, 4 d.C.), que mandou massacrar os inocentes de Belém no intuito de matar o Messias de que falavam os Reis Magos.

A linhagem de Herodes possuía outros palácios além do imenso prédio junto ao Templo. Em parte por mania de grandeza do primeiro rei dessa estirpe.

Mas, em grande parte eles mantinham outras fortalezas apalaciadas porque sabiam que eram odiados pelos judeus.

Pois eles não pertenciam ao mesmo povo, praticavam cultos pagãos, cometiam crimes hediondos e eram mantidos no poder por um conchavo com o exército romano.

Herodium visava ser um refúgio em caso de levante popular.

Não se conhece ao certo o ano de nascimento de Pôncio Pilatos, mas sim que foi Prefeito da Judeia entre 26 e 36 d.C. Segundo narra Eusébio de Cesareia em sua História Eclesiástica caiu em desgraça junto ao imperador romano Calígula e suicidou-se por volta do ano 37 d.C.

Luis Dufaur.

Fonte: Ciência confirma Igreja.

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