Homossexualidade: contra o relatório do sínodo falam Deus e São Paulo

A coincidência poderia ser casual, mas o fato é que na segunda-feira, 13 de outubro, no mesmo dia em que na arena política italiana, tanto o partido de Matteo Renzi como o de Silvio Berlusconi anunciaram seu apoio à legalização das uniões homossexuais, do outro lado do Tibre o Secretário Especial do Sínodo sobre a família, o Arcebispo Bruno Forte, disse que espera a mesma coisa, porque “é uma questão de civilidade.”

Forte é o autor dos três explosivos parágrafos sobre os homossexuais na “Relatio post disceptationem”, que em vão a Secretaria-Geral do Sínodo, em seguida, tentou desclassificar dizendo se tratar de um mero “documento de trabalho”, desprovido de qualquer valor magisterial.

Na sala do sínodo e depois nos dez círculos linguísticos em que os padres sinodais prosseguiram o confronto, houve uma verdadeira revolta contra esses três parágrafos, mas nada mais conseguiria neutralizar o impacto sobre a opinião pública em todo o mundo. Se estas são as teses sobre as quais este sínodo está trabalhando, isso significa que tais teorias agora gozam de plenos direitos de cidadania no vértice da Igreja.

Na espera para ver como se desenvolverá a discussão sobre este ponto, e como a “Relatio” final vai lucrar alguma coisa com isso, pode-se observar, todavia, como a respeito da homossexualidade, o partido favorável às mudanças está adotando a mesma tática colocada em ação no tocante à comunhão para os divorciados recasados. Ou seja, aquele método de se apelar para o “lado humano” de uma realidade estatisticamente ultra minoritária para se obter inovações de dimensão global.

O raciocínio desses eclesiásticos que forçam uma revisão radical da doutrina da Igreja sobre matérias como a homossexualidade dá por pressuposto que o fenômeno de casais do mesmo sexo com seus relativos filhos, seja algo de grande dimensão e que cresce de modo irresistível, como um “sinal dos tempos ” ao qual a Igreja não pode mais negar acolhimento e reconhecimento positivo.

Mas se formos olhar para as estatísticas reais, as coisas são muito diferentes. Tome, por exemplo, a Itália. No último censo realizado pelo ISTAT (Istituto Nazionale di Statistica), de 2011, resulta que os casais formados por um homem e uma mulher, com ou sem filhos, eram cerca de 14 milhões, enquanto as famílias monoparentais, com apenas um pai ou mãe solteiros eram aproximadamente 2 milhões e meio.

E quantos, ao invés, eram os pares formados por pessoas do mesmo sexo? 7591, isto é, 0,05 por cento do total de casais pesquisados.

Em outras palavras, os casais heterossexuais na Itália compoem 99,95 por cento do total. É claro que o ISTAT observa que “muitos” homossexuais preferem não revelar a sua situação. Mas ainda que se quisesse baixar a proporção de casais heterossexuais para 99 por cento exatos, ver-se-ia imediatamente que as contas não batem: casais do mesmo sexo deveriam, neste caso, ser pelo menos 150 mil, ou seja, vinte vezes mais do que aqueles que foram efetivamente recenseados.

E quantos são os filhos de casais do mesmo sexo? Apenas 529, um em cada catorze casais pesquisados, duzentas vezes menos do que aquelas míticas 100.000 crianças usadas como peças de propaganda por organizações que promovem o “casamento homossexual”.

Bondade sua, a “Relatio post disceptationem” exclui a aceitação de “casamento”. Mas não levanta objeções contra a “uniões entre pessoas do mesmo sexo.”

Aqui está, como um lembrete, os três parágrafos da “Relatio” agrupados sob o título “Acolher as pessoas homossexuais”:

“50. Pessoas homossexuais possuem dons e talentos para oferecer à comunidade cristã, estamos em grau de acolher essas pessoas, garantindo-lhes um espaço de fraternidade em nossas comunidades? Muitas vezes, eles desejam encontrar uma igreja que seja uma casa acolhedora para eles. As nossas comunidades são capazes de ser assim, aceitando e valorizando sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica sobre a família e o casamento?

“51. A questão homossexual nos desafia a uma séria reflexão sobre como desenvolver caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica integrando a dimensão sexual humana que se apresenta como um grande desafio educacional. A Igreja por outro lado afirma que as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparada ao casamento entre homem e mulher. Não é sequer aceitável que se queira exercer pressão sobre a atitude dos pastores ou que organismos internacionais condicionem a ajuda financeira à introdução de legislação inspirada pela ideologia de gênero.

“52. Sem negar os problemas morais relativos às uniões homossexuais se observa que existem casos em que o apoio mútuo chegando até mesmo ao sacrifício constitui um precioso apoio para a vida do parceiro. Além disso, a Igreja tem uma atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, insistindo que em primeiro lugar deve sempre se colocar as necessidades e os direitos das crianças”.

Pra refrescar a memória, entre outras coisas, vale recordar as terríveis palavras de Paulo sobre a homossexualidade, no Capítulo 1, 18-32 da carta aos Romanos:

“A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade. Porquanto o que se pode conhecer de Deus eles o lêem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência.

Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar. Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos.

Mudaram a majestade de Deus incorruptível em representações e figuras de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém!

Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno. São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais. São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia. Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as cometem. “

Por Sandro Magister

Tradução: Gercione Lima

Fonte: – Fratres in Unum.com

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