Mídias sociais e eventos de impacto no cenário virtual

A palavra “Hashtag”, terminologia não usual há pouco mais de onze anos, vem fazendo cada vez mais parte do cotidiano brasileiro. Com o surgimento da mídia social “twitter”, que ainda dava os primeiros passos à época, as chamadas menções ou simplesmente (#) se difundiram por meio dos tweets e retweets e passaram a constar na “vida virtual” de milhões de pessoas mundo a fora. Estas pessoas, podemos chama-las de usuários, que por sua vez utilizam “nicknames” e trafegam variados dados que dão movimento às ferramentas sociais.

As ferramentas, ou mídias sociais, são o meio e o “como” essa correria frenética de dados é repassada, por vias que formam as redes, que de acordo com os tópicos de interesse do usuário, vão se aglutinando, formando o conceito apropriado de Rede Social.

Popularidade do compartilhamento nas redes sociais no mundo.

Estimou-se, especialmente com o advento e popularização dos “smartphones”, segundo recente artigo do NYTimes(1), que a média de usuários diários da mídia social Facebook cresceu de 185 milhões de usuários em 2009 para 1,33 bilhões em 2017. Um aumento sem precedentes nestes oito anos. Do artigo inferem-se os impactos causados em certos países – em seus setores privado e público – com o trânsito de dados promovido pelos usuários das ferramentas sociais e, em contraste disso, com as legislações locais de mais de uma centena de países onde a mídia é “acessada”.

Um bom exemplo é o que vivemos recentemente no Brasil, e noticiado nas nossas mídias tradicionais (impressa, digital e televisiva) na manhã de 06/10/2017. Em tom de alarde e desconfiança a pauta foi a emenda interposta por um congressista a qual serviria para fazer frente às “fake news”(2) . A emenda estaria vinculada à aprovação da reforma política em pauta no legislativo nacional. Questionou-se que a emenda estaria aventando a temática contra-democrática mais conhecida como censura e que vai de encontro ao direito constitucional consagrado da liberdade de expressão.

O responsável, após o desagravo das associações de imprensa, afirmou que a proposta apenas objetivava combater as “fake news” na internet, mas que pediria ao Presidente da República que o texto fosse vetado; o assunto, negativamente bombardeado nas mídias, especialmente nas sociais, foi vetado pelo Chefe do Poder Executivo.

Iniciativas como essas, sem qualquer razoabilidade, têm estreita ligação com o que também abordou o citado artigo norte-americano em 17/09/2017. Proibições, ajuste, mudanças e outros mecanismos utilizados pelos governos e companhias de tecnologia nas suas regras para que as atividades não desconfigurem as democracias e os sistemas vigentes nos países ao redor do mundo. Segundo a própria matéria, o Facebook estaria envolvido em “batalhas diplomáticas” de grande destaque em todo o mundo, as quais estariam por fragmentar a própria internet.

Outra temática latente atrelada às mídias são as repercussões de fatos impactantes. Recursos tecnológicos disponibilizados gratuitamente facilitam as visualizações e tornam a difusão cada vez mais rápida e capilarizada, alcançando um maior número usuários mundo afora. O evento criminal ocorrido em Las Vegas nos Estados Unidos, conforme pode ser vista a vinculação e comportamento da menção/argumento (os populares “hashtags”) fornecida pela ferramenta online ritetag.com, é um exemplo de fato recente e de grande impacto nas redes sociais. No início da tarde, algumas horas após o evento ocorrido, a mídia Twitter apresentava uma movimentação intensa da #lasvegas(3). No momento da pesquisa, verificou-se uma exposição horária global de 347 milhões de usuários.

A força das “hashtag”

O comportamento das mídias transversalizam-se, numa robusta estrutura virtual de convergências. O “feed de notícias” do Facebook é um bom exemplo, com suas incontáveis ligações dinâmicas à outras mídias de várias naturezas: do e-commerce aos vídeos ao vivo as ”lives”, dos grupos da escola de 2°grau às agendas de eventos que agradam os usuários de uma parte considerável da população do planeta terra.

O compartilhamento de conteúdo, seja qual for a natureza, os “likes” recebidos, curtidas em português, são os insumos para o sucesso da mídia facebook. Estimou-se, segundo o blog Loginradius(4), em 2016 que 57% dos usuários globais preferem compartilhar conteúdo por meio do facebook. Deixando a segunda colocada “Twitter” com humildes 18%.

O processamento de toda essa interminável rede de atualizações – conhecido como infoxicação(5)– é um exercício bastante complexo. Percebe-se que esse cenário é um amplo e fértil terreno para a proliferação das já citadas “fake News”. Por outra via, observa-se cada vez mais a população, principalmente a brasileira acessando os assuntos com uma maior possibilidade de opiniões. Um cenário diferente ao monopólio midiático que ocorria a 20 ou 30 anos atrás.

O mundo e as nossas realidades se tornaram mais dinâmicos, as opiniões compartilhadas equilibram os debates das ideias. As tecnologias estão à serviço dos seres humanos. As notícias “enlatadas” tendem a passar minimamente por uma básica checada no “Google.com” através dos conectados “smartphones”.

O painel acima(6) apresenta o raio-x da conectitividade brasileira no começo do ano de 2017. Chama bastante a atenção o fato de termos um número que indica que há mais de uma conta de telefonia móvel por habitante. Gerando um percentual de 52% da população brasileira conectada por meio de alguma mídia social em smartphones.

Gráfico que mostra o poder das redes sociais no Brasil.

Uma via educacional sólida, com a formação de usuários bem-educados, prontos para o mercado com altos níveis de desenvolvimento intelectual apontaria para uma promissora prospecção de cenário nos setores de prestação de serviços e público. Infere-se que o desenvolvimento nos usos das tecnologias da informação disponíveis em conjunto a um público (usuários) com acesso à formação técnológica adequada, com mais critério e rigor, progrediríamos muito enquanto Nação.

Fabrício de Andrade Raymundo*.

* Mestrando Profissional do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (UnB).

Pós graduado lato sensu em a) Ciências Policiais (Instituto Superior de Ciências Policiais) b) Ciências Jurídicas (UniCSul); e c) Literatura Brasileira e Práticas sociais (UnB)

Graduado em Letras Espanhol (UnB), Direito (Universidade Cidade de São Paulo) e Graduado no Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (ISCP).

Diplomado em prevenção do delito y seguridad ciudadana  (Uchile).

Notas:

1- Artigo: Facebook Faces a New World as Officials Rein In a Wild Web. https://www.nytimes.com/2017/09/17/technology/facebook-government-regulations.html <Acesso em: 26/09/2017>

2- Notícias falsas disseminadas de forma proposital.

3- https://ritetag.com/best-hashtags-for/lasvegas

4- Artigo: Customer Identity Preference Trends Q2 2016.

5- https://blog.loginradius.com/2016/08/customer-identity-preference-trends-q2-2016/ <Acesso em: 07/11/2017>

6-De acordo com Adell (1997), o termo “infoxicação”, foi cunhado pelo físico espanhol Alfons Cornella, como um neologismo derivado da junção das palavras “informação” + “intoxicação”, e seria, em síntese, a incapacidade de se filtrar o conhecimento relevante devido a abundancia da informação disponível, o que é agravado pela velocidade cada vez maior dessa informação. O termo foi popularizado por Alvin Toffler em 1970, mas foi mencionado antes por Bertram Gross, em seu livro, The Managing of Organizations, de 1964 (Speier et al., 1999). http://www.g2dvisual.com.br/blog/infoxicacao-x-tecnologia-o-fenomeno-nas-redes-sociais/ <Acesso em: 07/11/2017>

7- Fonte: Digital year book, 2017. Análise Brasil. Por Leonardo Rios do Fullpack blog. http://fullpack.net/blog2/2017-digital-yearbook-analise-brasil/ <Acesso em: 07/11/2017>

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