O Amor Salvador

O Natal é um tempo de festas, de presentes, de confraternização entre amigos, de celebração em família, de reconciliação entre os que divergem. É um tempo de reflexão, compreensão e conversão interior.

Para nós cristãos, tem um grande significado, pois celebramos o nascimento de Jesus Cristo, a quem os Evangelhos chamam de Salvador. É a segunda mais importante memória da cristandade. À sua frente apenas a da ressurreição. Não se trata do aniversário de Jesus, mas da celebração do seu nascimento que, acreditamos, se renova trazendo esperança, paz e, como veremos, salvação. Renova-se nas famílias, nos amigos, no ambiente profissional. Renova-se sobretudo em nossos corações, se assim quisermos e consentirmos.

Há alguns dias ouvi uma palestra sobre o amor de Jesus e é essa a mensagem que, neste Natal, gostaria de trazer, para reflexão a todos os leitores, cristãos ou não. Indicarei as referências bíblicas para os que desejarem consultar.

Os mistérios de Deus e a verdade só a ele pertencem, por isso o que ofereço, nesse texto, é somente uma reflexão fundada na fé cristã e nos Evangelhos, nada mais.

Os dez mandamentos de Deus para nós, ou Decálogo, são bem conhecidos, compõem a ética judaico-cristã e são, inegavelmente, um dos pilares da civilização ocidental.

Encontram-se no Livro do Êxodo . Seria inimaginável vida civilizada em comunidade em que mentir, trair, matar, roubar, cobiçar, desprezar pai e mãe fosse algo natural e comum entre seus membros.

Em Levítico, há uma repetição do Decálogo e está escrito “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” . O próprio Jesus, nos Evangelhos, refere-se a esse como o segundo grande mandamento da lei de Moisés . O primeiro é amar a Deus.

Mas Jesus o aperfeiçoou e chamou-o de “seu” mandamento. Disse Ele: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amo” . Jesus conferiu ao mandamento amplitude significativamente maior do que a revelada no Decálogo.

Para os cristãos, “Amai-vos como vos amo” é muito mais do que amar o outro como a si mesmo, pois a referência deixa de ser a pessoa que ama e passa a ser o próprio Jesus. É dedicar o tempo de sua vida pelo outro, é, algumas vezes, entregar a própria vida física pelo outro, como Jesus fez na cruz. Independentemente de quem seja o outro. Não é fácil cumpri-lo na sua inteireza, imagine dedicar seu tempo ou entregar sua vida por alguém que você tem como inimigo. Mas, para o Deus que ama, o que realmente importa, e isso está concretamente a nosso alcance, é a intenção verdadeira de cumpri-lo.

Na palestra que mencionei, ofereceu-se uma interpretação ainda mais abrangente desse mandamento. “Amai-vos como vos amo” é entregar seu tempo ou sua vida também para “a salvação” do outro, como Jesus o fez. “Amai-vos como vos amo”, assim, revelaria o amor salvador de Jesus.

A “salvação”, para os cristãos, em brevíssimo resumo, é a reconciliação definitiva com Deus. Jesus veio para remir a desobediência de Adão e reverter o caminho da humanidade em direção a Deus, por isso os Evangelhos o chamam de “Salvador”.

Para os cristãos, a condição para a “salvação” é a “conversão, ou seja, é crer no Cristo e observar a sua Palavra , não por obrigação mas por vontade própria e livre, porque a compreende e nela acredita.

Assim, aquele que ama com o amor salvador de Jesus, dedica seu tempo e sua vida também para a conversão do outro. Na palestra, mencionou-se o exemplo de Santa Rita de Cássia para mostrar o extremo de seu cumprimento. Deixo àqueles que se interessarem a procura das informações sobre a vida de Santa Rita. Aqui vale o já dito sobre a intenção verdadeira de cumpri-lo.

Imaginem agora uma vida em comunidade em que as pessoas busquem cumprir voluntária e amorosamente esse mandamento de Jesus e compare, também em imaginação, com os dias que hoje vivemos. O mundo perfeito não existe, mas buscá-lo, como princípio, pode fazer toda a diferença.

O mandamento de Jesus nos revela, enfim, que o maior bem que podemos proporcionar a alguém é, com o amor salvador, auxiliar na sua conversão e salvação.

Feliz Natal!

Augusto Sherman.

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