O fundamentalismo anti-religioso

 João Pitella JuniorQuase todos os tipos de preconceitos são, em tese, rejeitados pela “elite pensante”. Veja o caso de Brasília: você e eu conhecemos dezenas de pessoas de classe média alta para cima, com ótima formação acadêmica, descoladas, antenadas, de mente aberta e “de esquerda” que se gabam de desprezar qualquer forma de discriminação. E, curiosamente, muitas delas são as primeiras a babar de raiva diante das mais simples manifestações religiosas.

“Se alguém segue uma religião, não pode ser inteligente”, é o pensamento de considerável parte da nossa elite. O ato de ir à missa aos domingos é perdoado como um gesto de consideração à etiqueta social. Decorar a casa com imagens de santo até dá um certo status. Agora, se você acredita de verdade em algum dogma do cristianismo, está liquidado.

Um católico ou evangélico praticante é visto, pelos brasilienses mais “esclarecidos”, como um ser desprezível, um alienígena que precisa ser isolado, humilhado e ridicularizado. E ninguém se preocupa em disfarçar em público esse tipo de preconceito: o negócio é avacalhar os “fundamentalistas”.

Sim, “fundamentalista” é quem acredita nos fundamentos mais básicos do cristianismo. Ter religião é pecado. “O Estado é laico” e, portanto, o Brasil deveria ser ateu, segundo a visão tosca dos nossos intelectuais de botequim. Não importa se a Constituição tem a frase “sob a proteção de Deus” em seu preâmbulo. Vamos ler só as partes das leis que combinem com as nossas ideologias. Afinal de contas, “a religião é o ópio do povo”, como dizia São Marx, e deve ser eliminada.

Se a Igreja condena o homossexualismo, ela é “homofóbica”. Ninguém se esforça para lembrar que, de acordo com a Bíblia, o ato sexual entre homem e mulher fora do casamento é tão pecaminoso quanto a relação entre pessoas do mesmo sexo. Ora, então a Bíblia também não seria heterofóbica? Melhor não entrar nesses detalhes, pois o importante para o movimento “politicamente correto” é dizer que o cristianismo é homofóbico.

 

Eu defendo a prisão do padre ou pastor que mandar seus seguidores agredirem ou discriminarem alguém por causa da sua opção sexual. Por outro lado, censurar a leitura de trechos da Bíblia que condenam o homossexualismo — ou o adultério, ou qualquer outro pecado — só poderia ser um ato das piores ditaduras. Invadir igrejas para provocar os fiéis é fascismo. Desprezar a inteligência de uma pessoa pelo fato de ela ser cristã é burrice.

O fato é que os fundamentalistas anti-religiosos nem querem saber que a Bíblia prega o amor como resposta a qualquer pecado. E não importa se Jesus substituiu a lei implacável do Velho Testamento pela Graça. Quem é intolerante não precisa entender nada, pois tem orgulho da própria ignorância. O melhor é empinar o nariz e continuar desprezando quem pensa diferente. Viva a democracia!

fonte: Revista Meia Um

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