Reflexões sobre a proposta de desmilitarização da polícia

Aclamado fora da caserna, o discurso pró-desmilitarização encontra eco entre uma parte dos próprios policiais militares.
Infelizmente, o que nem todos sabem é que tudo isso remonta a estratégia gramscista/marxista de se desconstruir os pilares culturais de um sistema para depois demoli-lo de vez.
Não é a primeira vez que tais artifícios são postos em prática. Temos um exemplo paralelo no Extremo Oriente com a revolução cultural levada a efeito por Mao Tsé-tung.
Naquela ocasião, buscou-se a eliminação dos elementos capitalistas da cultura chinesa. Paralelamente, foram destruídas inúmeras relíquias históricas, templos e obras de arte. Estimativas dão conta que a repressão que se seguiu a revolução cultural levou diretamente a mais de dois milhões de mortes.
Voltemos ao Ocidente. Como Mao, os gramscistas pregam a derrocada da superestrutura do capitalismo. Para tanto, é mister que venham abaixo seus sustentáculos: os valores da civilização ocidental judaico-cristã, o direito romano e a filosofia grega; os quais, segunda Gramsci, alicerçam-se nos intelectuais orgânicos da classe dominante – positivistas, teólogos e militares.
tonho gramsci safado
Antonio Gramsci.
Não sem propósito, tem-se a generalização do deboche praticado contra evangélicos e mesmo os ataques constantes contra o catolicismo. Quem já não ouviu a expressão: a religião é o ópio do povo?
Na mesma quadra, encontra-se a hegemonia do marxismo nas universidades públicas brasileiras, sobretudo nos departamentos de Ciências Sociais puras e aplicadas. Essa é a razão de pesquisas acadêmicas sobre a criminalidade estarem majoritariamente relacionadas a temas como preconceito, exclusão social, questões de gênero, violência policial e etc. Daí, a responsabilidade individual daquele que optou por uma carreira criminosa é deslocada para a sociedade injusta e desigual.
Com o sistema militar ocorre igual. Para o gramscismo, somos o sustentáculo da ordem vigente. Não importa se as instituições democráticas tem se aperfeiçoado no país. Não interessa se bem ou mal estamos vivendo o mais longo período democrático/constitucional de nossa história. Uma vez que a polícia militar é o braço armado do Estado contra os oprimidos, essa instituição deve desaparecer. Por isso, tornou-se politicamente correto e erudito negar-se a história secular das policiais militares no Brasil reduzindo-as a simples resquício da “ditadura militar”; como se as instituições militares estaduais houvessem sido fundadas com a contra revolução de 1964.
PMPR 1915
PMPR em 1915 – meio século antes da contra revolução de 1964.
Convém acrescentar que, dentro da teoria do conhecimento, o marxismo, por meio do materialismo dialético, busca compreender a realidade, para então transformá-la.
O motor disso tudo é a ideologia da luta de classes, que tem por finalidade a construção de uma nova ordem que ninguém sabe ao certo o que venha a ser.
Com muita frequência, essa é a fonte de tensões entre oficiais e praças, como o é entre patrões e empregados. Não raramente, tais circunstâncias são nutridas ou fabricadas por fontes externas à caserna.  O problema é que terminam por drenar tempo e energia das instituições. Recursos que deveriam ser alocados para a resolução dos problemas práticos do dia-a-dia, em favor dos próprios policiais e da sociedade, são desperdiçados em conflitos sem fim.
Por derradeiro, mantenhamos em perspectiva que o discurso gramscista/marxista não apenas permeia a cena acadêmica como também a vida artística, a fala da mídia e as políticas públicas. Para ficar em um exemplo, um jornal de grande circulação, em sua edição mais lida, a de domingo, criticou veementemente a pensão militar complementar que toca tanto aos militares federais quanto aos integrantes da PMDF. De quando em quando semelhantes direitos inerentes à condição militar são questionados. Tudo isso tem uma razão de ser.
Por isso, policial militar, se você é a favor da desmilitarização, saiba em que terreno está pisando. Tenha muito claro o contexto em que essa está inserida e suas consequências.
 Isângelo Senna da Costa.

 

Foto: Fábio Koch.
Referências:
CARDOSO, Dirceu Gonçalves. O risco da desmilitarização das polícias militares.Direito Militar, Revista da Associação dos Magistrados das Justiças Militares Estaduais–AMAJME. Florianópolis:[s. ed.], p. 32, 1999.
CHANG-SHENG, Shu. Interações entre Mao e os guardas vermelhos na Revolução Cultural.Diálogos-Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História, v. 9, n. 3, p. 137-166, 2005.
COUTINHO, Carlos Nelson. A presença de Gramsci no Brasil.Revista Em Pauta, n. 22, p. 37-44, 2009.
DE MORAES, Dênis. Notas sobre imaginário social e hegemonia cultural.Revista Contracampo, n. 01, 1997.
RICUPERO, Bernardo.Caio Prado Jr. e a nacionalização do marxismo no Brasil. Editora 34, 2000.
 Na internet:
 http://www.acessa.com/gramsci/
 http://www.internationalgramscisociety.org/
 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10737
 http://www2.forumseguranca.org.br/node/22259
 http://www.policiamilitar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=3
 http://www.averdadesufocada.com/index.php/contra-revoluo-de-1964-notcias-106

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