SER OVELHINHA NÃO É GARANTIA DE VIDA

Tornou-se comum uma série de especialistas e movimentos tomarem a bandeira de defesa das mulheres e, a despeito de protegê-las, tomarem como verdade o discurso da ovelhinha. Este discurso prega abertamente que, em caso de violência, o melhor é não reagir, sempre. Afinal, é muito melhor sofrer um dano menor, seja ele material, emocional ou físico do que ser vítima de alguma situação mais grave. Sem dúvidas uma verdade. Só há um problema com a teoria do não reaja nunca, esqueceram de combinar essa estratégia com os bandidos.

Mesmo que no Brasil não tenhamos estatísticas confiáveis sobre o tema podemos constatar nos noticiários e mesmo em nossas relações pessoais que o comportamento de ovelhinha jamais foi uma garantia de vida. Caso os marginais tivessem apreço por regras sociais ou fossem dotados de algum tipo de moral mais elevada não estariam nas ruas delinquindo. Todos os dias ouvimos ou testemunhamos relatos de mulheres que, mesmo não reagindo, diante de um estupro, assalto ou agressão acabou assassinada.

A situação torna-se ainda mais grave quando entramos na seara da violência doméstica. Maridos, namorados e companheiros, que deviam proteger e apoiar, acabam utilizando a força física para impor suas vontades e caprichos às mulheres com quem convivem. E a grande covardia neste tipo de agressão está não apenas da desproporção da força física, mas principalmente na relação de dependência emocional e econômica que impedem a mulher de romper a relação e livrar-se da violência.

Na violência doméstica ainda existem algumas iniciativas que incentivam as mulheres e a sociedade a reagir. Mas hegemonicamente com alguma solução estatal, como se o aparato do estado pudesse proteger as mulheres no interior de suas casas. Se tivemos alguns avanços importantes, como a lei Maria da Penha, temos a consciência que o aparato governamental nunca será suficiente para garantir que novos abusos sejam cometidos. Nestes casos é preciso que, além do apoio de programas governamentais, dos órgãos policiais e da justiça, a mulher construa um círculo de apoio com pessoas que compreendam a violência a que ela está submetida e possam auxiliá-la em um processo de libertação. Mesmo diante da agressão constante e do medo.

É fundamental que as mulheres se eduquem em formas de proteção e reação que sejam suficientes para que possam desvencilhar-se de ações agudas, agressões físicas, tentativas de estupro etc.  Não é caso de criar lutadoras ou coisa parecida. Mas dotá-las de ferramentas que possam, de alguma forma, diminuir a diferença de forças entre elas e seus possíveis agressores.

Por exemplo, a utilização de armas não-letais como spray de pimenta, dispositivos de descarga elétrica ou treinamento básico em defesa pessoal, podem significar a diferença entre a vida e a morte nos casos onde o marginal continua a escalonar a agressão mesmo diante da colaboração da vítima. Sem falar no uso de armas de fogo, tabu em terras brasileiras.

Não podemos depositar nossa integridade nas mãos de ninguém, mesmo que as ferramentas legais e governamentais possam ser poderosos aliados, estar preparada para enfrentar situações extremas pode ser a única garantia de, ao menos, uma chance combativa de vida. O verdadeiro empoderamento feminino e tornar cada mulher apta para defesa da própria vida, dando os meios e as ferramentas necessárias sem as barreiras dos filtros políticos e ideológicos.

 Jornal Espaço Mulher,
Jornal Espaço Mulher,

Texto publicado no Jornal Espaço Mulher, em Brasília.

Blog do Jornal: http://www.espacomulherdf.com.br/  

Instagram – https://www.instagram.com/jornalespaco/

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