Só uma Revolução salva o Brasil

A Civilização Ocidental evoluiu até chegar ao atual arranjo de democracia representativa, onde as pessoas vivem em sociedade regidas por valores morais, parcialmente codificados numa Constituição e outras leis, decididas e modificadas por representantes eleitos pelo povo. Esse processo é dinâmico e sempre representa algum tipo de acordo, onde cada participante cede um pouco em benefício da própria estrutura social.

Os mais cínicos chamam tal arranjo de “ditadura da maioria”, outros com maior senso de humor, como Churchill, apresentam a democracia como o pior dos regimes, à exceção de todos os outros, demonstrando a sua grande capacidade de definir precisamente temas muito complexos.

O fato é que tal arranjo produziu nas últimas décadas, na maioria dos países que o adotaram, o mais alto padrão de vida com o menor nível de conflito e com o máximo de liberdade que a humanidade já alcançou. Não há dúvidas em relação a tal resultado. Mas por que no Brasil a receita não está funcionando?

Antes de seguir essa discussão, é preciso definir melhor o termo democracia. É muito fácil usar a palavra, até mesmo para regimes que representam o seu oposto, como a “República Popular Democrática da Coréia”, a ditadura mais brutal do mundo.

Uma democracia representativa só pode acontecer quando há uma Constituição simples, ancorada nas verdadeiras tradições e valores morais de um povo, definindo um sistema político que seja realmente representativo desse povo e que o sirva. Para que funcione, tal sistema precisa descentralizar o poder, impondo salvaguardas contra o totalitarismo. Ele precisa garantir a liberdade de expressão e a liberdade de mercado, além da propriedade privada. Para que tudo isso funcione, é preciso instituir um sistema judicial que garanta a aplicação isonômica das leis.

Até mesmo entre os chipanzés há registros de revolta contra machos alfa excessivamente opressivos. Alguns cientistas sociais, como Jonhatan Haidt, sugerem que a nossa aversão ao totalitarismo é mais profunda do que uma tradição. Tal traço seria intuitivo, baseado em milhares de anos de evolução, desde quando os machos beta, armados com lanças e com linguagem passaram a se organizar e derrubar líderes opressores.

Nos primeiros registros dos povos mesopotâmicos temos evidências claras de como os reis se comprometiam com a Justiça e com a proteção dos mais fracos. O Código de Hamurabi, de três mil e oitocentos anos atrás, conta com a seguinte introdução:

“Então Anu e Bel (dois deuses) me chamaram pelo nome, “Hammurabi”, que teme a Deus, para trazer o governo da justiça na terra, para destruir os perversos e praticantes do mal, para que os fortes não prejudiquem os fracos.”
A história humana pode ser interpretada como uma sequência de regimes justos e injustos, com o arquétipo do tirano como o sujeito que mantém o seu poder através da opressão e não pelo reconhecimento dos seus pares como um líder justo e eficiente.

Exatamente para evitar a degeneração de qualquer regime de governo para o totalitarismo é que existem a Constituição, a divisão de poderes, o sistema representativo, a liberdade de expressão e direito à propriedade privada, entre outras medidas.

Por milênios, as religiões representaram o centro unificador da sociedade, ao reforçar os mesmos valores morais nos indivíduos e ao fazê-los tementes ao mesmo Deus. Com o enfraquecimento das religiões e surgimentos dos estados modernos, as instituições passaram a servir como tais centros unificadores, sendo um deles a Suprema Corte, o órgão que julga como a Constituição deve ser entendida e aplicada.

Nos EUA, por exemplo, os ministros da Suprema Corte são chamados de “Justice”, ou “Justiça”, como se eles fossem a própria manifestação da Justiça. Quase sempre são sujeitos com uma longa carreira e sólido conhecimento, muito respeitados pela maioria dos cidadãos. Tem uma postura profundamente sóbria, não aparecendo muito na imprensa. Obviamente como qualquer ser humano, eles erram e produzem escândalos, mas tais situações são raras.

Os “Justices” da Suprema Corte americana.

Os “Justices” da Suprema Corte americana.
A Suprema Corte americana representa um sistema judicial que funciona, apesar dos seus problemas. Todo cidadão americano sabe que há uma grande chance de ser punido caso não siga as leis, o que de fato acontece. E essa consciência gera uma sociedade mais ordeira, com um nível de segurança e estabilidade muito maior.

Já a Suprema Corte brasileira, chamada de Supremo Tribunal Federal, virou o símbolo da impunidade e da completa disfuncionalidade da justiça brasileira. A Constituição já é um documento falho, que concentra poder e coloca nas mãos do Estado praticamente tudo, abrindo espaço para o totalitarismo. O Código Criminal oferece proteção sistemática aos criminosos, que tem à sua disposição infinitos procedimentos protelatórios, especialmente para aqueles que tem recursos para bancar bons advogados. E no improvável caso de ser condenado, o criminoso conta com instrumentos para alcançar a liberdade, como a famigerada “progressão de pena” ou outras medidas inventadas pelos nossos legisladores ou juízes para garantir a impunidade. Para completar, autoridades tem acesso ao foro privilegiado, só podem ser julgados por instâncias superiores. O que era para ser um instrumento para evitar perseguição política virou a absoluta certeza da impunidade, já que tais cortes, com juízes indicados pelos mesmo políticos bandidos, passam a funcionar como um instrumento de blindagem judicial. A Lava Jato das instâncias inferiores já mandou para a cadeia mais de uma centena de corruptos enquanto o STF não condenou nenhum!

Tudo segue a lógica socialista majoritária no meio intelectual, político e jurídico brasileiro desde a década de 80, que trata o criminoso como vítima da sociedade. Como a sociedade seria injusta, onde os ricos “oprimem” os pobres, o crime representaria um ato de rebelião contra o sistema injusto. Pior, políticos e autoridades que cometam crimes, mas que buscam a própria destruição do sistema, para a criação do “paraíso” socialista seriam verdadeiros heróis em busca da “justiça social”.

Tudo isso só poderia resultar na tragédia brasileira, onde quase todos os cargos de poder são ocupados por bandidos do pior tipo e não é possível andar nas ruas sem correr um risco real de ser assassinado ou sofrer algum tipo de violência. São 70 mil homicídios por ano, num país que tem o sistema judicial mais caro do mundo.

Esse processo de degradação das instituições foi brutalmente acelerado com a chegada ao poder do PT. O sucesso econômico do governo Lula, ancorado na manutenção de políticas econômicas sóbrias, ao contrário do que defendia a cartilha petista, e contando com a sorte, já que a expansão chinesa favoreceu o Brasil, com a multiplicação do preço dos nossos produtos de exportação, permitiu que a agenda de infiltração em todos os espaços e destruição das instituições fosse levada a cabo sem oposição.

Os efeitos mais danosos dessa política foram sentidos em 2015, quando não era mais possível enganar o povo. O país estava quebrado. Já havia começado a maior recessão econômica da história brasileira. A bonança dos anos anteriores representava uma ilusão, um voo de galinha, como dizem os economistas. Ao invés de aproveitar o momento favorável e do apoio político para produzir reformas positivas, o PT gerou uma bolha de crédito para o consumo, deixando quase todo mundo feliz, enquanto desviava recursos para ditaduras amigas e para as suas próprias campanhas e outras ações que tinham como objetivo transformar o país numa ditadura comunista, comandada obviamente pelo próprio PT e pelos seus satélites.

Células saudáveis da sociedade brasileira se levantaram contra o projeto. A Lava Jato mostrou o nível de podridão da classe política e de certos líderes empresariais. O Brasil já não era um exemplo em termos de regime político, até pela impossibilidade disso acontecer sob uma Constituição socialista, mas o PT veio para colocar tudo na mais abjeta lama. A classe média que carrega o país nas costas há muito tempo lotou as ruas, pressionando o establishment a destituir Dilma Rousseff, tirando o país da rota venezuelana.

Por outro lado, o Impeachment teve o efeito de diminuir o nível de indignação da população, permitindo que a os bandidos no poder se organizassem para acabar com a Lava Jato e manter o status quo, o que significa um regime de escravidão, onde aqueles que orbitam o poder tem tudo, enquanto os cidadãos honestos e trabalhadores precisam sustentá-los, recebendo em troca o horror de ter que viver em meio ao caos, sem segurança e justiça.

A prova cabal do arranjo foi dado no dia 22 de março de 2018, data que ficará na história como o enterro da justiça brasileira, quando o STF decidiu, com um nível de cinismo e escracho sem paralelos que Lula não poderia ser preso, mesmo tendo sido condenado. A avaliação do seu habeas corpus teve prioridade em relação a milhares de outros pedidos de condenados já presos, incluindo aí o ex-braço de direito de Lula, Antonio Palocci, preso há mais de ano.

Os “ministros”, aspas necessárias, sabiam muito o bem o que estava fazendo, pois o seu nervosismo em votos estapafúrdios ficou claro. O auge do circo de horrores foi a reiterada afirmação, por parte de vários “ministros”, que Lula não estava acima da lei, contrariando o óbvio tratamento diferenciado que ele estava recebendo.

O Ministério Público Federal, representada no julgamento pela Procuradora-Geral, não foi capaz de questionar a participação no circo de Dias Toffoli, ex-advogado de Lula, ou de Lewandowski, amigo pessoal da família Lula há décadas. Como essas ligações com o réu, como poderiam julgar de forma isenta?

O ato final da sessão demonstrou a completa falta de respeito desses servidores com os seu patrões, o povo brasileiro. Um deles deu como desculpa para solicitar a suspensão do julgamento a necessidade de pegar um avião, mostrando o seu cartão de embarque. É como se o sujeito tivesse chamado cada brasileiro de idiota. O objetivo era garantir a liberdade de Lula, já que na semana seguinte o seu último recurso na segunda instância seria julgado e ele poderia ir preso. Como existe a possibilidade ainda do habeas corpus ser indeferido, a manobra garantiria a liberdade do chefe da quadrilha petista.

Tal manobra é um balão de ensaio para uma outra medida que se avizinha: a mudança de entendimento da Corte para impedir que criminosos condenados em segunda instância de cumprirem a pena após tal condenação, na prática acabando com a Lava Jato e tirando da cadeia os poderosos presos que estão cumprindo pena, dando o salvo conduto para os políticos bandidos continuarem a roubar sem serem incomodados.

Enquanto se desdobravam esses tristes capítulo da história brasileira em Brasília, no Rio de Janeira a face mais macabra da destruição do país se apresentava. O soldado Felipe de Mesquita sangrava, escondido atrás de uma geladeira, auxiliado por um senhor de 70 anos, morador da Rocinha. Sob intensa troca de tiros, a polícia conseguiu chegar no local onde se encontrava o soldado Mesquita, que foi resgatado mas não resistiu aos ferimentos, falecendo no hospital. O senhor que o ajudou foi executado pelo tráfico que controla a favela.

O caso não recebeu quase nenhuma cobertura, enquanto há poucas semanas a imprensa transformou em heroína a vereadora esquerdista assassinada, não se sabe ainda por quem, que passou a carreira defendendo criminosos como aqueles que mataram o soldado. Não por acaso, a vereadora em questão defendia a liberdade do criminoso Lula, assim como os “ministros” do STF. Só mais um pequeno exemplo de como a implosão da Justiça produz a desintegração de toda estrutura social, com resultados cada vez mais catastróficos. E de como o esquerdismo radical não está restrito apenas aos políticos e togados bandidos, mas está cristalizado entre outros setores da elite, entre eles intelectuais, jornalistas e outros influenciadores.

Soldado Mesquita agoniza após ser baleado por bandidos na Rocinha. Esse verdadeiro herói não mereceu nenhuma capa de jornal, aparentemente reservadas apenas aos defensores de criminosos.

Soldado Mesquita agoniza após ser baleado por bandidos na Rocinha. Esse verdadeiro herói não mereceu nenhuma capa de jornal, aparentemente reservadas apenas aos defensores de criminosos.

Diante do exposto, só há um caminho para o brasileiro do bem: exigir a destituição imediata do STF, pois a igualdade de todos perante a lei, o mais sagrado princípio do direito e da própria Constituição brasileira foi rasgado. Por mais falha que a nossa Constituição seja, pelo menos esse direito está corretamente estabelecido.

Os Founding Fathers alertavam na carta da independência dos EUA que uma revolta não deve ser produzida por motivos torpes, mas sim quando não há mais outra alternativa para restabelecer a justiça e a liberdade. É impossível não perceber que tal situação se apresenta no Brasil, onde não é possível mais nem mesmo andar nas ruas. Já seria motivo suficiente, mas além desse nós temos hoje a quase impossibilidade de buscar a liberdade e a felicidade, pois somos escravos do Estado.

Apoio todo ato de protesto em busca da destituição do STF e do atual governo, idealmente com o apoio das Forças Armadas, com o objetivo de formação de novo governo que de fato represente o povo e possa reformar o falido regime brasileiro.

Precisamos urgentemente organizar uma Revolução! A mera eleição que se aproxima não garante essa possibilidade, pois além dela ser organizada nos moldes do atual sistema falho de representação, ela é organizada pelo TSE (presidido por um “ministro” do STF), um órgão que insiste em não cumprir a lei do voto impresso, abrindo espaço para manipulação dos resultados. Se esses sujeitos já rasgam a lei para proteger Lula, porque não fariam o mesmo para garantir a sua candidatura e para fraudar uma eleição e colocá-lo na presidência?

A alternativa à revolução é a retomada do projeto bolivariano do PT, que demonstrou na Venezuela todo o seu potencial: a criação de uma ditadura, onde não há mais nem comida ou remédios e a violência nas ruas é comparável à guerra civil síria. Quem reclama é preso, torturado e morto. Vamos deixar o Brasil chegar nesse ponto?

Por: Leandro Ruschel

Publicado originalmente no link:

https://medium.com/@leandroruschel/só-uma-revolução-salva-o-brasil-cad51c5baea9

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