Começando com uma contextualização histórica, o cangaço foi uma onda de banditismo e violência que se espalhou principalmente no Nordeste do Brasil, se arrastando até 1940, tendo suas principais ações nas décadas de 20 e 30, pelo famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião. Grupos armados, cercavam as pequenas cidades do nordeste, armados de revólveres, espingardas e rifles como o Winchester .44″, além das típicas “Peixeiras”, facas pontiagudas comuns no Nordeste, para cometerem roubos.
Atualmente o Novo Cangaço serve como denominação para ações de grupos fortemente armados que assolam as pequenas cidades, mas desta vez o fenômeno não se restringe ao Nordeste, de Sul ao Norte do país, qualquer pequena cidade com uma força policial reduzida, está à mercê das ações violentas destes grupos.
A partir de 2010 às manchetes mostram que os “atentados” dobram de frequência anualmente, as ações rápidas envolvendo dezenas de homens equipados com fuzis, pistolas automáticas, coletes a prova de bala, explosivos e mais recentemente as metralhadoras .30” e .50”, com capacidade para atravessar com facilidade os veículos blindados usados no transporte de valores. Ao invés dos cavalos ou jumentos usados pelos antigos cangaceiros, os atuais se deslocam em veículos roubados de grande porte, tipicamente SUVs, como Pajero ou Hilux, não raro esses veículos sofrem adaptações (assim como os antigos cangaceiros personalizavam suas roupas e celas) recebendo chapas de aço que resistem a disparos das armas das forças de segurança, ou mesmo veículos blindados com furos no vidro traseiro, para posicionar as armas de grosso calibre para o ataque aos carros-forte.
Os novos cangaceiros se organizam como se fossem uma força para-militar, com ações coordenadas, os grupos escolhem cidades com poucos policiais, atacam as delegacias ou postos das PM e queimam veículo para bloquear vias de acesso, evitando a resposta das forças de segurança. Posteriormente, partem para bancos que concentram quase que todo o dinheiro das pequenas cidades, fazem dezenas de reféns e os usam como escudo humano, os “cangaceiros” com conhecimentos em explosivos atuam nos cofres, enquanto outros encarregados pela “contenção”, disparam para todos os lados intimidado a população, ação típica de grupos terroristas, onde usam do medo para controlar as pessoas, mesmo que momentaneamente.
Com a relativa impunidade com que têm agido nos últimos anos, os cangaceiros modernos têm expandido suas ações para roubos a veículos de transporte de valores, conhecidos popularmente como “carros-forte”, caminhões com cargas de produtos eletrônicos, e até às próprias empresas de transporte de valores. Suas ações têm sido um enorme desafio para as forças de segurança, que têm dificuldade de rastrear esses criminosos, já que seus ataques são dispersos e praticamente aleatórios, frequentemente atravessando vários estados, se favorecendo da limitação da troca de informações entre as polícias estaduais.
As polícias das pequenas cidades, assim como vigilantes dos bancos e empresas de transporte de valores, também são mal equipadas para enfrentar esses grupos, já que a maioria está armada apenas com pistolas e carabinas em calibre de pistola, que não têm capacidade de perfurar os carros blindados nível IIIA ou coletes balísticos usados por esses criminosos, enquanto o poder de fogo dos cangaceiros é capaz de perfurar os coletes balísticos dos agentes, geralmente nível II ou IIIA, e até mesmo os carros-forte.
Muitos governos estaduais têm investido para lidar com a ameaça do novo cangaço, comprando viaturas blindadas, coletes balísticos nível III(resistente até fuzil 7.62), fuzis e helicópteros, para agilizar o deslocamento de tropas especiais até áreas atacadas pelos cangaceiros, como reforço para as forças locais menos preparadas para “caçar” esses criminosos. Enquanto nas regiões atacadas mais frequentemente pelos cangaceiros, a própria população e comerciantes têm se organizado para arrecadar verbas e adquirir armas e viaturas blindadas para as polícias locais.
Já as empresas de segurança e transporte de valores têm investido em caminhões blindados, e até mesmo um novo tipo de veículo blindado, o “SUV da segurança”, para escoltar outros carros-forte ou comboios de caminhões. No congresso, tramitam projetos de lei para permitir que empresas de transporte de valores possam adquirir veículos blindados nível IV( que resistem até mesmo tiros de metralhadora.30”), coletes balísticos nível III e a aquisição de fuzis, que ainda são de uso restrito das forças de segurança, para poderem enfrentar com alguma paridade o poder de fogo dos cangaceiros, entretanto pesa contra esses projetos o fato de muitas armas e coletes balísticos das empresas de vigilância acabar sendo desviadas para criminosos, ou mesmo levadas pelos criminosos durante assaltos, chegando a 22% das armas apreendidas no Brasil. Enquanto leis mais rígidas contra criminosos, parecem não ser a prioridade da maioria dos políticos brasileiros, que favorecem a política de desencarceramento e ressocialização, resultando em grande sensação de impunidade e estímulo à criminalidade.
Recentemente as forças de segurança tiveram vitórias importantes contra os grupos de cangaceiros, como a ação da polícia federal em Pernambuco, que impediu um roubo a um avião de transporte de valores, quando desembarcava o dinheiro para carros-forte, tendo resultado na morte de 6 ladrões e a apreensão de vários fuzis, coletes, veículos blindados e uma metralhadora.50”; e também o cerco da ROTA da polícia de São Paulo, contra cangaceiros que tentavam realizar roubos a bancos em série em várias cidades, tendo sido impedidos já no primeiro ataque, em Guararema, levando a morte de 11 criminosos, a apreensão de farta quantidade de explosivos e rifle anti material calibre .50”. porém ainda têm sido vitórias pontuais, a um preço alto demais, com muitos policiais e vigilantes feridos e mortos, ante a incapacidade dos políticos por um fim a essa onde de crimes e violência que assolam o país.
Por “Charlie” e Russo Maik.
Imagens de internet.
Fonte: Debate Policial.
Desculpe a crítica. Mas a nomenclatura não condiz com a verdade histórica. E muito menos com as lutas entre as volantes e os bandos de cangaceiros. A caatinga diferente de outros biomas ela consome o homem em poucas horas e não há suprimento em abundância. A filosofia mateira é dos que sabem sobreviver no sol quente, solo árido e da vegetação seca.
Hoje, os banditismo regional não entra na caatinga para lutar. Eles no máximo se refugiam na beira da pista. O termo imposto por uma imprensa pífia de conhecimentos e cheia de sensacionalismo. É uma traição histórica comparar os feitos. Policiais militares(volantes) x bandidos ( cangaceiros) por vezes se enfrentaram na arena da morte da caatinga.
Hoje, são homens armados que correm na fuga dos embates.
Ser operacional é uma coisa, ser combatente de caatinga é outra coisa.
O autor segue a linha argumentativa a partir do referencial histórico do cangaço da primeira metade do século XX com os ataques de grande porte a agências e carros fortes do início do século XXI tendo como ponto focal o nível de organização, armamentos de grande calibre e violência.
Não há análise do aspecto ambiental correlacioando.
Existem muitas diferenças e muitas semelhanças. O artigo foca nas semelhanças.
Matéria muito boa. Eu já tinha feito essa comparação em meus pensamentos. O mundo evoluiu e o crime também. Acredito que o maior problema é político e ideológico, que impedem o desenvolvimento de uma legislação que seja rígida nas punições, e flexível o suficiente para que as forças de segurança se adaptem rapidamente e sem burocracia às ameaças modernas.