POLICIAL DE SERVIÇO MATA COMPANHEIRO DE FOLGA – A TRAGÉDIA DO CABO RAHONEY

Infelizmente mais uma tragédia no mundo policial, nesta sexta-feira (29), em São Paulo, o Cabo Rahoney Vieira, 31 anos, foi baleado por um companheiro de farda enquanto abordava um veículo em trajes civis, durante a sua folga. Os militares envolvidos na ocorrência chegaram a tentar socorrer o policial ferido, mas infelizmente ele não resistiu aos ferimentos.

O Cabo Vieira servia no COE (Comando de Operações Especiais) da PMESP, o policial era integrante do 4º Batalhão de Polícia de Choque e estava na corporação desde 2014. O militar deixa a esposa e o filho.

O caso me trouxe a lembrança de uma ocorrência muito parecida que ocorreu no Distrito Federal, no dia 05 de junho de 2013. O Cabo Osmar Catarino Júnior da Polícia Militar do Distrito Federal, servia no Batalhão de Rotam, e também estava à paisana, quando foi atingido por um colega da corporação, vindo a falecer. No momento do disparo o policial tentava conter um assalto a um ônibus na avenida Hélio Prates, em Taguatinga, cidade satélite de Brasília. No momento em que executava a ação uma guarnição da Rotam, que patrulhava as imediações, foi acionada por populares para conter um assalto no mesmo coletivo.

No local a um dos membros da guarnição acabou atingindo o Cabo Catarino, que se encontrava a paisana e com arma em punho, tentando fazer com que o marginal deixar o ônibus.

Minha esperança é que os palpiteiros de plantão consigam perceber a dimensão da tragédia humana envolvida no caso. Que ao invés de condenar o policial que atirou no companheiro ou questionar a ação do policial morto no cumprimento do dever, tenham a decência de levar em conta o sofrimento da família, dos amigos e dos companheiros de farda de todos os policiais envolvidos. Quem não vive a realidade da família policial militar não tem a menor noção do impacto e do trauma, que uma ocorrência com este desfecho provoca no moral da tropa. Espalhando-se para muito além dos envolvidos diretamente ou daqueles que trabalham nas unidades dos policiais que estavam na operação, é uma ferida aberta no seio da tropa.

Dado o histórico profissional do Cabo Rahoney e as circunstâncias de como se desenrolou a ocorrência, parece óbvio que o policial visualizou uma situação de crime, como um assalto em andamento, um sequestro ou algo do gênero. Mesmo de folga o profissional analisou a situação e avaliou que, sem a sua intervenção imediata, a situação poderia evoluir para um desfecho crítico para as vítimas em potencial. Assim, ao invés de simplesmente ligar para 190 e esperar que uma guarnição chegasse ao local, ele pessoalmente se envolve em uma situação de risco na qual não tinha nenhuma obrigação legal. Entretanto, como a maioria dos policiais, Rahoney foi impelido pelo seu instinto e tirocínio policial e iniciou abordagem.

Infelizmente a guarnição que chegou ao local, certamente, não sabia da presença de um policial. Vendo um homem apontado sua arma para dentro de um veículo, tenho quase certeza, mesmo não estando no local dos fatos, que acreditaram se tratar de um criminoso e, no intuito de proteger as pessoas sob a mira da arma, um dos integrantes efetuou o disparo infeliz.

Só posso imaginar o desespero e angústia dos policiais de serviço quando identificaram o homem baleado como um companheiro de farda.

Como de costume não acredito em reportagens ou documentários que exaltem os feitos do policial tombado no cumprimento do dever. Tão pouco em campanhas de apoio a viúva ou ao filho dele. Os únicos que farão qualquer gesto neste sentido serão os irmãos de farda e suas famílias. A imagem do policial não irá estampar campanhas de valorização da vida dos policiais e seu nome não estará em ruas ou escolas. Espero que o atual governo de São Paulo, que tem como secretário de segurança um policial militar, mude essa realidade. Infelizmente os casos do passado minam minha esperança. Espero sinceramente estar errado.

Aliás todas as matérias que consultei para fazer este vídeo trataram o caso de maneira fria e indiferente, nenhuma deu importância devida, ou colocou sob análise, a tragédia humana ocorrida no local. Vamos aguardar os próximos dias.

Não há dúvidas que o caso precisa ser investigado, para que todas as dúvidas e questionamentos relacionados ao caso sejam esclarecidos, até em respeito aos familiares do militar. Mas minha experiência me leva a acreditar que todos os policiais envolvidos estavam comprometidos com a resolução da ocorrência e que a perda do Cabo Rahoney foi um terrível engano.

O Cabo Rahoney perdeu sua vida em decorrência de um comprometimento acima da média, de um senso de dever que se sobrepunha as preocupações com sua segurança pessoal. E como ensinam as escrituras não há maior amor do que este, de dar sua vida pelos seus amigos, com o Cabo Rahoney o caso foi ainda mais intenso, pois é provável que sequer conhecia as vítimas que pretendia proteger.

Minhas mais sinceras condolências a esposa e ao filho do Cabo Rahoney, bem como aos seus familiares, amigos e companheiros de farda. Tenham a certeza de que o Senhor dos Exércitos o receberá de braços abertos em sua casa. Afinal ele combateu o bom combate, acabou a carreira e até final guardou a fé.

Mais um herói que levou seu compromisso até o fim: Mesmo com o sacrifício da própria vida!

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