CALDEIRÃO DE NARRATIVAS: DESVENDANDO A OPERAÇÃO VERÃO

POR: LUIZ FERNANDO RAMOS AGUIAR

O desespero da mídia em combater a Operação Verão, desencadeada pelo governo de São Paulo na Baixada Santista, usa a estratégia clássica, evidenciar, exagerar e distorcer as ocorrências onde a atuação da polícia pode ser questionada e desprezar todos os dados que mostram o sucesso da ações. Para justificar a narrativa manifestações inexpressivas são reportadas como a voz da população local ao mesmo tempo em que intelectuais e especialistas, devotos da cartilha progressista, são convocados a dar suas opiniões “isentas”. Outro ingrediente fundamental no caldeirão para fervura da polícia são as ONGs que, sob o manto de proteger a população e defender os direitos humanos, amargam o caldo com sua complacência e afinidade com criminosos, temperados pela subserviência ao discurso dos mais “importantes” veículos do mainstream.

Reportagem publicada pelo site UOL, no dia 12 de abril, escrita pela jornalista Manuela Rached Pereira, 1 (58 dias, 56 mortos: 6 casos marcam ação mais letal da PM-SP desde Carandiru) coloca em evidência seis casos onde pessoas teriam morrido por supostos abusos praticados por policiais militares. Além disso, a reportagem compara a Operação Verão ao episódio do Carandiru, tentando vender a ideia de que a policia militar paulista estaria operando no modo massacre. Obviamente todas as ações que resultaram em mortes precisam e devem ser investigadas. Nos casos onde forem constatados desvios de conduta, ou pratica de crime, os policiais precisam ser punidos. Afinal a legitimidade das forças policiais depende da obediência às leis e do respeito aos direitos das pessoas, na verdade o trabalho da polícia é garantir estes direitos.

Mas o tom da reportagem deixa transparecer uma carga ideológica evidente, sem contextualizar o leitor sobre as complexidades da região ou da agressividade e violência das forças criminosas locais quem cai de paraquedas no texto tem certeza de que a polícia de São Paulo é subsidiária da quadrilha de Lampião e tem como único objetivo na operação vingança. Como base para essa visão enviesada apresentada na reportagem além de supostas de denúncias de moradores há ainda o Relatório de Monitoramento de Violação de Direitos Humanos na Baixada Santista, material, construído coletivamente por entidades, movimentos de defesa dos direitos humanos e ouvidoria os quais cito :

1. Centro de Direitos Humanos e Educação Popular (CDHEP) – que se descreve como uma organização popular que tem como objetivo promover estratégias de formação, articulação, comunicação e incidência política para prevenir e superar as diversas formas de violência, sobretudo nas periferias, e contribuir com a construção de um projeto popular, anticapitalista, antirracista e antipatriarcal para o Brasil e para a América Latina. 2

2. Comissão Arns – tem entre seus membros de destaque a cantora Daniela Mercury e em seu site deixa claro seu posicionamento ideológico de esquerda. Além de defender causas, no mínimo polêmicas como: Nosso apoio ao padre Júlio Lancellotti, matéria do dia 08 de fevereiro3; Tragédia no litoral norte: espoliação fundiária e apartheid, 09 de março de 2023, onde defendem a justiça climática; Carta ao presidente do Senado sobre PEC das Drogas, de 10 de abril de 2024, onde se manifestam contra criminalização do porte de drogas.

3. Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP – que infelizmente está cooptada pela esquerda.

4. Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE) – que acionou o Ministério Público de São Paulo contra o Secretário de Segurança Derrite por improbidade administrativa.4

5. Fórum Brasileiro de Segurança Pública – se conceitua como é uma organização não-governamental, apartidária e sem fins lucrativos que se dedica a construir um ambiente de referência e cooperação técnica na área da Segurança Pública. Mas tem entre seus parceiros a Open Society Foudations, a Ford Foundation e o Instituto AVON.5

6. Instituto Sou da Paz – defensor ferrenho do desarmamento da população e que de acordo com seu relatório de transparência de 2022, 65% dos R$ 12.792.835, tiveram como origem Fundações e Organizações do Exterior, como Open Society Fundations, Ford Foudation.6

7. Instituto Vladimir Herzog – apesar de se apresentar como defensor da liberdade de expressão associado ao o Instituto Marielle Franco e o Instituto Procomum fazem parte do projeto Desinformante7 que apresenta e discute soluções para regulamentação das redes sociais e checagem de fatos.

8. Mandato da Deputada Estadual Mônica Seixas – é uma jornalista, redatora e política brasileira, filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

9. Mandato da Vereadora Débora Alves Camilo de Santos – é vereadora do PSOL em Santos.

10. Mandato do Deputado Estadual Eduardo Suplicy – é um economista, professor universitário, administrador de empresas e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), do qual é um dos fundadores.

11. Mandato do Vereador Tiago Peretto de São Vicente – vereador filiado ao PL

12. Ouvidoria das Polícias do Estado São Paulo – Ouvidoria da Polícia é um órgão do governo do Estado que tem como atribuições ouvir, encaminhar e acompanhar denúncias, reclamações e elogios feitos pela população sobre a atuação policial. Ela não investiga as denúncias recebidas, mas as encaminha para a Corregedoria e acompanha a apuração, trabalhando para que ela seja rigorosa e imparcial.8

13. Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica – pretende com sua atuação junto a egressas e egressos do sistema penitenciário paulista evitar que haja uma continuidade num ciclo de reencarceramento destas pessoas.Os objetivos estratégicos da organização são proteger e resistir à violência praticada pelo Estado. Violência essa caracterizada pela criminalização, o encarceramento em massa e a morte violenta da população pobre brasileira, que atinge, sobretudo, o jovem negro e periférico.9

Como podemos observar as pessoas e organizações que se envolveram na confecção do relatório são majoritariamente de orientação progressista, com um histórico de tratamento discriminatório e preconceituoso quando o assunto são as forças de segurança, principalmente quando se trata das polícias militares. Não por acaso, nota-se uma oposição ativa e engajada contra a administração no novo Secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite, ex-policial militar, que atuou na ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar). Mesmo com redução de 13,5% no números de homicídios, 36% latrocínios, 6% roubos de veículos e 3% roubos a banco, quando comparado o ano de 2023 com 2022. Admitir o sucesso de uma política pública implementada por um político desse tipo, com ideologia e perfil profissional tão profanos em relação aos dogmas da esquerda, é reconhecer que a heresia está em seu próprio clero. 10 E que seus dogmas mais sagrados não passam de superstição, crendice e preconceito.

Guilherme Derrite – Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo e ex-policial militar

USO POLÍTICO DA POPULAÇÃO

Outra estratégia utilizada para tentar desacreditar a ação da polícia é tentar construir a narrativa de que a população da Baixada Santista está majoritariamente contra a presença das tropas e a continuidade das ações das forças de segurança. Para isso episódios isolados, onde moradores são feridos ou mortos em confrontos, são noticiados de modo sensacionalista e com grande destaque, muitas vezes em ações coordenadas de publicação em massa em diversos veículos de imprensa e nas páginas das ONGs, institutos e outras organizações que partilham da mesma visão ideológica e partidária. Uma prova do alinhamento dessas instituições são suas fontes de financiamento, uma breve pesquisa em seus sites mostra que as fundações, nacionais e internacionais, que injetam dinheiro nesses atores são, quase sempre, os mesmos.

Mas o pior é quando a imprensa esconde ou tenta distorcer a realidade. Um exemplo é quando alguns jornais divulgaram uma manifestação da população que refletiria o sentimento dos moradores da baixada contra a Operação Verão, em vídeo publicado no Instagram Freqüência Caiçara, mostrava imagens do ato, que aparentemente não conseguiu reunir nem mesmo 50 pessoas.11. Essa manifestação foi citada em reportagens criticas a operação, como forma de subsidiar os argumentos com o apoio popular. Ao mesmo tempo um ato organizado por moradores de Santos, lideranças políticas, representantes de associações civis e agentes de segurança pública foi ignorado pela maior parte das páginas de notícias, noticiada sem destaque ou sob críticas.12

APELO AOS ESPECIALISTAS

Quando todos os golpes midiáticos não são suficientes para desacreditar as ações da polícia logo se apela para o argumento da autoridade acadêmica. Os intelectuais orgânicos da mídia convocam um respeitável especialista alinhado a sua narrativa para tentar credibilizar suas alegações. Como foi o caso da matéria do portal esquerdista Brasil de Fato, “Violência policial ‘não tem freio’ porque instâncias de controle ‘não fazem nada’, diz pesquisador e ex-PM”, publicada no dia 13 de abril deste ano.13 O pesquisador em questão é o ex-policial militar Adilson Paes, defensor de primeira grandeza da desmilitarização das PMs (tese dogmática das principais forças progressistas do país). Ele realmente tem um currículo acadêmico impressionante e, em tese, como fez parte dos quadros da corporação, teria lugar de fala para as críticas. O problema é que a tese principal apresentada na matéria, a de que as “as instâncias de controle não fazem nada” não se sustenta diante a uma simples consulta ao google.

Adilson Paes – especialista em Segurança Pública e ex-oficial da PMESP

Em um dos primeiros resultados de minha pesquisa me deparei com uma reportagem da Folha de São Paulo, de março de 2011, que tratava sobre a suspeita de participação de policiais militares em grupos de extermínio. Na matéria o então comandante geral da polícia militar paulista pedia informações a Polícia Civil do Estado sobre um relatório que versava sobre suspeita da participação de policiais militares em assassinatos. Além de pedir os dados para investigação o comandante forneceu informações sobre as apurações de desvios de conduta dos agentes de sua instituição, informando a imprensa que aproximadamente 300 policiais militares eram expulsos por ano por infrações ao regimento interno ou por cometimento de crimes.14

Prosseguindo na busca pela leniência da policia paulista em punir seus integrantes, mais uma matéria que enterra a tese do acadêmico, publicada em agosto de 2020, “Após semestre de violência policial, SP demite 37% mais PMs que em todo ano”.15 De acordo com a reportagem, somente no mês de julho de 2020 a PMESP expulsou ou demitiu 25 policiais, número que representava um aumento de 37% em relação ao mês anterior, uma reação clara aos desvios constatados pela própria imprensa. Na mesma reportagem é explicado ao leitor como acontecem as exonerações na corporação, através de investigações internas da corregedoria, que podem levar meses. Este tipo de procedimento leva tempo porque precisa respeitar o devido processo legal garantindo ao policial o direito a ampla defesa e ao contraditório.

Mas como o acadêmico afirma que as instâncias fora da corporação são omissas quanto a punição dos policiais continuei minha saga no rastro dos mecanismos de controle. E me deparei com a matéria do portal G1 São Paulo, de dezembro de 2023, “2,3 mil policiais militares foram presos nos últimos 10 anos em SP; detenções caíram 30% com uso de câmeras corporais”.16 A matéria focava na defesa da utilização das câmeras corporais pelos policiais militares do estado, e utilizou os dados referentes as prisões de policiais para fazer uma relação entre a implementação da tecnologia e uma queda no número de policiais militares presos. Levando-se em conta que o efetivo da PMESP, que de acordo com matéria publicada na Folha de São Paulo, de 02 de abril de 2024, era de 78.695 policiais,17 podemos aferir que nos últimos 10 anos cerca de 2,9% de todo o efetivo da corporação atual teria sido preso. Gostaria de saber qual outro órgão, de qualquer esfera do poder, tem um número tão elevado de servidores investigados, punidos ou presos.

Só para fazer um comparativo em 2023 o governo federal demitiu 40 servidores, após o julgamento de inexpressivos 64 processos, informação prestada pela Controladoria Geral da União (CGU), de acordo com matéria publicada no site da CNN, em janeiro de 2024.18 Na verdade nos últimos 20 anos o governo federal expulsou cerca de 7.766 servidores, nenhum deles por insuficiência de desempenho. Os dados foram divulgados pela CGU e publicados em matéria da Folha de São Paulo, em janeiro de 2020. De acordo com Portal da Transparência atualmente são 983.085 servidores federais, e levando-se em conta que nos últimos anos tivemos uma diminuição no número servidores, podemos observar que o número de empregados do governo federal exonerados, em relação ao efetivo total, é muito menor do que o verificado na Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Mas a severidade do tratamento aos crimes praticados por agentes das forças de segurança não se restringe aos integrantes da Polícia Militar de São Paulo. Entre 2010 e 2020, a Polícia Civil de São Paulo expulsou de seus quadros 956 policias. Do total, 329, 35%, foram penalizados por corrupção, fazendo com este tipo delito fosse o principal motivo para o afastamento na Polícia Civil Paulista. O segundo motivo foi violência policial, 136 ocorrências, 14% das demissões.19

Na verdade, minha pesquisa rasa, focada em reportagens publicadas na mídia mainstream, revelou que a severidade da punição aos policiais militares não está restrita ao estado de São Paulo. Matéria publicada pelo Diário de Pernambuco, publicada em novembro de 2023, “Em 10 meses de 2023, governo do estado expulsou mais policiais do que em todo ano de 2022”,20 mostra como o governo de Perna,buco tratava os desvios de conduta de seus policiais. Até o mês da reportagem 68 agentes haviam sido expulsos das corporações que fazem parte do sistema de segurança pública do estado, ou seja policiais militares, bombeiros e policiais civis. No ano de 2022 foram contabilizadas 53 expulsões dos quadros das forças de segurança do estado. Dessa forma, o número de expulsões até novembro de 2023 já apresentava um aumento de 28% em comparação ao ano anterior. Os dados foram apresentado pela Secretaria de Defesa Social, de acordo com a pasta foram 51 policiais militares, 14 policiais civis e três bombeiros militares foram expulsos. Os dados foram revelados após após a prisão preventiva de seis policiais do Batalhão de Operações Especiais, que estariam envolvidos em uma operação que resultou na morte de dois homens, na Comunidade do Detran, na Zona Oeste do Recife.

As evidências da dureza das corregedorias e da justiça, quando se trata de casos de crimes e desvios de conduta envolvendo policiais, é abundante. Os exemplos podem ser encontrados, sem muito esforço, em matérias publicadas pelos mesmos veículos que afirmam que os órgãos de controle não investigam com diligência suficiente seus agentes. Um contrassenso que expõe o caráter ideológico de grande parte do universo jornalístico quando o assunto são as corporações policiais.

A COMPLEXIDADE DA BAIXADA SANTISTA

Outro componente que permanece ignorado pela maior parte dos veículos de mídia é a complexidade da realidade encontrada na baixada Santista. Em entrevista concedida à Gazeta do Povo, o ex-secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, José Beltrame, comparou a região com a cidade maravilhosa:

O crime está crescendo no país aos poucos e vai ocupando os territórios. Vou falar com relação ao Rio de Janeiro: isso vira um estado paralelo, vira um outro país dentro de uma cidade. Tem os seus próprios poderes executivos, legislativos, judiciários. Talvez na Baixada Santista ou outros lugares no Brasil estejam tomando essas características. Seja pela milícia, pelo tráfico de drogas ou por ausência do poder público, que foi assistindo as pessoas se apoderando e ameaçando outras”21

Outro elemento apontado pelo ex-secretário que aproxima a região da capital carioca e a presença dos fuzis no arsenal do crime. Este tipo de armamento da aos criminosos condições de enfrentamento às forças do estado, levando o combate ao crime ao status de guerra urbana. Os criminosos, com o poder de fogo de armas uso militar estabelecem verdadeiros feudos, que suas milícias defendem com seu arsenal de guerra.

O domínio do crime na região é tão grande que as forças policiais chegaram a localizar um sistema de circuito fechado de vídeo, utilizado pelos criminosos para monitorar as ações da polícia nas ruas da região.

A presença do porto é estratégica para o tráfico de drogas internacional que utiliza as embarcações para o transporte dos entorpecentes para outros países. As técnicas vão além da corrupção das tripulações ou do transporte clandestino da mercadoria, as facções utilizam mergulhadores para fixar cargas nos cascos de navios que, posteriormente, são resgatadas em seus destino na Europa ou em outros locais do mundo. Mesmo com operações constantes da polícia e da marinha os traficantes conseguem traficar quantidade suficiente de drogas para manter suas atividades e ampliar sua rede crimonosa.

Na mesma reportagem da Gazeta, o Coronel da reserva, Flávio Fabri, confirma a complexidade da região da baixada:

O litoral de São Paulo é uma das áreas mais complexas para atuação da segurança pública. Além de um porto, onde há interesse de organizações criminosas para que ocorra o transporte de drogas para outros continentes, há muitas regiões com desordenamento territorial. Comunidades que se encontram em região de mangue, grande quantidade de trechos que embarcações pequenas podem percorrer e a tentativa de criminosos de estabelecerem black spots (áreas com pouca ou nenhuma governança estatal) dificultam a ação policial22

A estratégia das facções na região é a do domínio territorial e da subsequente opressão da população local, pela implementação local das “leis” do trafico sobre a comunidade. O não enfrentamento direto das quadrilhas é o caminho inevitável para manter pessoas inocentes sob o controle das organizações criminosas, como acontece em pelo menos 1700 territórios no Rio de Janeiro. Como este é um elemento fundamental para que o narcotráfico tenha sucesso em sua estratégia de negócios, e o poder bélico deles é assustador, é impossível reestabelecer a ordem sem que o estado implemente ações de força na região. Infelizmente este tipo de retomada implica em conflitos entre as forças policiais e os traficantes e as baixas, tanto entre os policiais quanto entre a população civil são inevitáveis. Mas fechar os olhos para o problema não irá garantir a segurança das pessoas que vivem na região. Ao contrário é a receita para que a situação se agrave e o domínio das facções se consolide. O que torna o problema muito mais grave e difícil de resolver.

NECESSIDADE DA PRESENÇA DO ESTADO

Mas em um ponto precisamos concordar com os especialistas, jornalistas e ONGs, para a resolução da crise de forma duradoura não basta, exclusivamente a presença das forças de segurança. É imprescindível que o estado entre na região de forma definitiva com escolas, hospitais, coleta de lixo, saneamento básico e infraestrutura. A retomada dos territórios dominados pelo narcotráfico envolve políticas públicas globais, que restabeleçam o império das leis e o estado de direito nas comunidades atingidas. Entretanto, sem uma ação preliminar de força, para neutralizar o domínio do crime, não é possível a entrada desses serviços na região.

Este deveria ser o ponto de críticas e pressões sobre o governo. Ao invés de tentar impedir o enfrentamento às forças bélicas do crime, a mídia e suas subsidiárias ideológicas deveriam concentrar seu poder de fogo em cobrar do governo que, aliado as estratégias de enfrentamento, sejam implementadas ações de ocupação efetiva do estado nas localidades retomadas. Mas este tipo comportamento seria admitir que a política implementada pela atual administração estaria no caminho certo, o que é inadmissível, porque infelizmente o foco do interresse dos agentes progressistas nunca está focado nas necessidades da população ou nos fatos reais. Mas essencialmente no ativismo político e, como ao atual governo não está alinhado aos ideais defendidos pelo mainstream cultural e jornalístico, o mais importante é descredibilizar qualquer de suas ações para impedir sua aceitação por pela população.

Coronel Cássio Araújo de Freitas – Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo

CONCLUSÃO

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo a Operação Verão levou a prisão de 1045 criminosos, a apreensão de 2,6 toneladas de drogas e 119 armas de fogo ilegais. Além disso houve uma redução em 25,8% dos roubos em Santos, São Vicente e Guarujá, quando comparado com o ano anterior, fazendo com que em fevereiro de 2024 fosse o mês com a menor taxa de roubo, dede 2001. 23 Para tentar manter o crime sob controle 341 policiais militares ampliarão o efetivo na região.

341 PMs passam a atuar de maneira permanente nas cidades da região

Mas nenhum desses dados parece ter importância para os principais veículos de mídia do país, o maior destaque na cobertura jornalística, entretanto, é sempre o aumento do número de homicídios, a letalidade policial e as mortes de civis. Mas nunca se leva em consideração as condições enfrentadas pelos policiais no enfrentamento das quadrilhas fortemente armadas, que deu contornos de guerra urbana à execução da operação. Outro dado que é negligenciado são as mortes de policiais no cumprimento do dever, encaradas sempre como um efeito desprezível por parte dos formadores de opinião, como se fosse um fato aceitável.

As mortes de pessoas que não estavam envolvidas diretamente no conflito são apresentadas como se tivessem sido praticadas de forma quase intencional por parte da polícia paulista. Inclusive , em alguns casos, as reportagens sugerem que se trataram de execuções sumárias praticadas por policiais. Quem lê as reportagens pode acreditar que o assassinato de civis é uma prática incentivada e aceita por parte das autoridades paulista, em especial o governador Tarcísio e o secretário de segurança, Guilherme Derrite. Na velha narrativa de que governos que não estejam posicionados à esquerda são formados por psicopatas e genocidas.

Apesar das narrativas, como vimos nesse artigo, é muito provável, que nos casos onde houve abuso por parte de policiais, investigações em curso no momento levem a punição e até mesmo a prisão dos envolvidos. Mas para isso é preciso que haja o devido processo legal. Como ocorre em qualquer democracia que respeite os direitos fundamentais das pessoas.

Não há duvidas que qualquer morte, mesmo de criminosos, é uma tragédia humana e todas devem e precisam ser investigadas. Mas como em qualquer guerra as baixas de civis são, lamentavelmente, inevitáveis. Contudo, desacreditar todo o esforço das centenas de policiais e agentes públicos que arriscaram suas vidas no confronto direto a uma das maiores organizações criminosas do planeta é uma irresponsabilidade inconsequente daqueles que deveriam estar na vanguarda da defesa da ordem, da legalidade e do estado de direito.

REFERÊNCIAS

1 Portal UOL 58 dias, 56 mortos: 6 casos marcam ação mais letal da PM-SP desde Carandiru, acessado em 14 de abril de 2024 – ttps://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/04/12/mae-de-6-e-pessoas-com-deficiencia-as-vitimas-fatais-da-operacao-verao.htm

2 Site oficial do CDHEP, acessado em 14 de abril de 2024 -.https://www.cdhep.org.br/

3 Comissão Arms, Nosso apoio ao padre Júlio Lancellotti, acessado em 14 de abril de 2024 -.https://comissaoarns.org/pt-br/blog/nosso-apoio-ao-padre-julio-lancellotti/

4 Carta Capital, Governo Tarcísio: Condepe aciona o MP contra Derrite por improbidade administrativa, acessado em 14 de abril de 2024 – https://www.cartacapital.com.br/sociedade/governo-tarcisio-condepe-aciona-o-mp-contra-derrite-por-improbidade-administrativa/

5 Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Relatório Anual 2022, acessado em 14 de abril de 2024 – https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/11/relatorio-de-atividades-2022-fbsp.pdf

6 Instituto Sou da Paz, Relatório anual 2022, acessado em 14 de abril de 2024. -https://soudapaz.org/transparencia/#8284-2

7 Desinformante, acessado em 14 de abril de 2024. – https://desinformante.com.br/

8 Ouvidoria da Polícia do Estado de São Pualo, acessado em 14 de abril de 2024. – https://www.ssp.sp.gov.br/ouvidoria/

9 Fundo Brasol, acessado em 14 de abril de 2024. – https://www.fundobrasil.org.br/projeto/rede-de-protecao-e-resistencia-contra-o-genocidio/

10 Acessado em 14 de abril de 2024. https://www.instagram.com/reel/C5WDz91rLpJ/?utm_source=ig_web_copy_link

11 Instagram, Frequência Caiçara, acessado em 14 de abril de 2024. – https://www.instagram.com/reel/C5WDz91rLpJ/?utm_source=ig_web_copy_link

12 Portal G1, Policiais, deputados e moradores fazem ato em apoio a Operação Verão da PM no litoral de SP, acessado em 14 de abril de 2024. – https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2024/03/09/policiais-deputados-e-moradores-fazem-ato-em-apoio-a-operacao-verao-da-pm-no-litoral-de-sp.ghtml , acessado em 14 de abril de 2024.

13 Brasil de Fato, Violência policial ‘não tem freio’ porque instâncias de controle ‘não fazem nada’, diz pesquisador e ex-PM, acessado em 14 de abril de 2024. – https://www.brasildefato.com.br/2024/04/13/violencia-policial-nao-tem-freio-porque-instancias-de-controle-nao-fazem-nada-diz-pesquisador-e-ex-pm

14 Folha de São Paulo, Comandante pede relatório sobre grupos de extermínio https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2603201119.htm , acessado em 14 de abril de 2024.

15 UOL,Após semestre de violência policial, SP demite 37% mais PMs que em todo ano. https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/08/26/apos-semestre-de-violencia-policial-sp-demite-37-mais-pms-que-em-todo-ano.htm , acessado em 14 de abril de 2024.

16 Portal G1, 2,3 mil policiais militares foram presos nos últimos 10 anos em SP; detenções caíram 30% com uso de câmeras corporais, acessado em 14 de abril de 2024 –

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/12/28/23-mil-policiais-militares-foram-presos-nos-ultimos-10-anos-em-sp-detencoes-cairam-30percent-com-uso-de-cameras-corporais.ghtml

17 Folha de São Paulo, ‘Exército’ de Derrite é maior do que efetivo de 91,2% das cidades de SP, acessado em 14 de abril de 2024 –

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/04/exercito-de-derrite-e-maior-do-que-efetivo-de-912-das-cidades-de-sp.shtml

18 CNN, União demitiu 40 servidores em 2023 por envolvimento em irregularidades,

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/uniao-demitiu-40-servidores-em-2023-por-envolvimento-em-irregularidades/ , acessado em 14 de abril de 2024.

19 Brasil de Fato, SP: Corrupção é o motivo para 35% das expulsões de policiais civis desde 2010

https://www.brasildefato.com.br/2020/11/23/sp-corrupcao-e-o-motivo-para-35-das-expulsoes-de-policiais-civis-desde-2010 , acessado em 14 de abril de 2024.

20 Diário de Pernambuco, Em 10 meses de 2023, governo do estado expulsou mais policiais do que em todo ano de 2022, https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2023/11/em-10-meses-de-2023-governo-expulsou-mais-policiais-do-que-em-2022.html , acessado em 14 de abril de 2024.

21 Gazeta do Povo, Porto, tráfico e fuzis: governo Tarcísio é testado pelo crime organizado na Baixada Santista https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/porto-trafico-fuzis-governo-tarcisio-testado-pelo-crime-organizado-baixada-santista/, acessado em 14 de abril de 2024.

22 Gazeta do Povo,Porto, tráfico e fuzis: governo Tarcísio é testado pelo crime organizado na Baixada Santista, https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/porto-trafico-fuzis-governo-tarcisio-testado-pelo-crime-organizado-baixada-santista/ , acessado em 16 de abril de 2024.

23 Agência Brasil, Baixada Santista: após 56 mortes, governo de SP encerra Operação Verão,

acessado em 15 de abril de 2024.- https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-04/baixada-santista-apos-56-mortes-governo-de-sp-encerra-operacao-verao

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