MORTE EM VIATURA DA PRF É O ESTOPIM PARA NARRATIVA ANTIPOLÍCIA

Sempre que uma guarnição policial comete algum erro desencadeia debates que pouco tem relação com o fato original. Inicia-se uma chuva de críticas, potencializadas por narrativas ideológicas, invariavelmente condenando de forma generalizada o trabalho policial. Mesmo que o fato tenha sido grave, como é o caso do preso que morreu asfixiado em viatura da PRF, não se pode condenar toda uma categoria profissional em razão do procedimento operacional equivocado cometido por uma fração isolada.


Para se ter uma ideia da massa de ocorrências atendidas diariamente pelas forças de segurança no Brasil, na operação Tiradentes II, realizada sob a coordenação do CNCG (Conselho dos Comandantes Gerais das Polícias e Corpos de Bombeiros Militares do Brasil), em maio de 2018, foram contabilizados mais de 350.000 abordagens. A operação contabilizou apenas atendimentos realizados pelas forças militares estaduais, em um período de 24 horas. Em um universo tão vasto não é improvável que tragédias, erros ou atuações desastrosas venham a ocorrer. Mas a magnitude dos números evidencia o desempenho técnico e profissional que orientam a maioria dos profissionais, pela quantidade ínfima de incidentes em relação ao total de atendimentos.


Apesar de serem poucos os casos onde policiais cometem erros, são trágicos e, por isso, ganham destaque na mídia. Além disso, são o ingrediente principal para o banquete dos abutres ideológicos, que sobrevoam a atuação das forças esperando uma carcaça para dilacerar. Tudo em nome da “justiça” social e em “defesa” da democracia. Que se danem os fatos.

Homem é colocado em cubículo de viatura com gás lacrimogêneo.

A narrativa ideológica fica evidente na linguagem dos jornalistas “profissionais”. Enquanto um criminoso, por mais evidente que seja sua culpa, é descrito sempre como suspeito. Os policiais são previamente condenados, taxados de chacinadores, criminosos ou qualquer outro adjetivo carinhoso.


Um caso recente onde essa postura ficou clara foi a morte de dois policiais da PRF, assassinados enquanto tentavam ajudar um homem que vagava a pé em uma rodovia movimentada. O sujeito em questão tomou a arma de um dos agentes e acabou desferindo disparos mortais contra a dupla de policiais. O assassino, armado, acabou morto por outros policiais que vieram em apoio. Mas jornalistas profissionais, analistas de bancada e “especialistas” sempre se referiam ao homem que matou dois policiais como suspeito. Ao mesmo tempo, a trupe questionava a ação dos policiais, que neutralizaram um indivíduo violento e perigoso, ainda que tivesse problemas mentais.


Nunca é uma tarefa fácil analisar as complicações decorrentes de uma abordagem policial. Como em um acidente aéreo geralmente ocorrem uma sucessão de pequenas falhas de procedimentos que acabam em uma tragédia. Ao que tudo indica os policiais rodoviários utilizaram uma tecnologia inadequada para o caso. O uso de agentes químicos, gás lacrimogêneo ou pimenta, são indicados para contenção de indivíduos agressivos, com o objetivo de moderar o uso da força e diminuir lesões. Entretanto, granadas fumígenas são indicadas, de forma geral, para uso em ambientes abertos. Esses equipamentos utilizam a fumaça para espalhar o princípio ativo lacrimogêneo. Em ambientes confinados o agente fumígeno acaba expulsando o ar do local, prejudicando a disponibilidade de oxigênio podendo levar a asfixia. E pode ter sido esse o motivo da morte homem no cubículo da viatura.


De qualquer forma é preciso uma investigação detalhada para avaliar as responsabilidades e o dolo dos policiais envolvidos no evento. Levando-se em conta as peculiaridades e desdobramentos da ocorrência, bem como a adequação das ações dos profissionais aos procedimentos operacionais determinados pela instituição da qual fazem parte. Como esperado em qualquer país onde se respeita o devido processo legal.


Entretanto, precisamos ficar atentos pra que o caso não seja usado como gatilho para instrumentação ideológica e antipolicial. A inspiração revolucionária do mainstream, que nos Estados Unidos resultou no movimento Defund the Police, causou aumento do crime em todos os locais onde prosperou. O provincianismo tupiniquim, nesse caso, resultará em um agravamento da crise na segurança pública, pelo enfraquecimento das corporações policiais permitindo a crescimento das facções e aumento da vitimização da população.

Manifestantes antipoliciais nos EUA

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