A “blitzkrieg” russa contra à Ucrânia colocou sobre a mesa a possibilidade de Moscou enviar armas nucleares a seus aliados nesta parte do mundo, para trazer perturbação às fronteiras de seu arqui-inimigo tradicional, os Estados Unidos.
Tal eventualidade, insinuada pelo próprio Putin e aparentemente confirmada por um de seus vice-presidentes em fevereiro passado em Caracas, Manágua e Havana, representa um risco real de uma nuclearização total do mundo, colocando em risco as capacidades militares tradicionais de países como a Colômbia, a “joia da coroa” da região.
E é assim, por três razões fundamentais: é o único país da região que passou quase 70 anos de guerra irregular contra organizações comunistas, tem sido há um século um grande amigo de Washington e tem uma situação geoestratégica de grande valor para a região.
AMEAÇA À COLÔMBIA
Precisamente amanhã, terça-feira, o presidente Duque estará em Washington DC, nos EUA, avançando nos esforços de energia, enquanto prepara sua segunda viagem na próxima quinta-feira para se encontrar com Biden. Esperamos que o presidente norte-americano honre sua disposição de fazer da Colômbia seu melhor aliado, conforme proposto por Bob Menéndez em seu projeto “COLÔMBIA, o principal aliado dos EUA para a OTAN”.
O recente aparecimento de um submarino nuclear norte-americano que, juntamente com um navio de guerra daquele país, manobrou no Mar do Caribe em frente a Cartagena, acompanhado por duas fragatas da Marinha colombiana, parece ser um bom indício do que se pode esperar em este sentido.
Contudo, os 64 milhões de dólares em carne que a Fedegan (Federação de Pecuaristas da Colômbia) enviou à Rússia no ano passado, a venda máxima deste produto colombiano para um país estrangeiro, se depara com a importação de uréia e outros insumos agrícolas desse tipo, vindo da Eurásia.
Os quase 11 bilhões de dólares que a Venezuela socialista investiu em armas russas não foram em vão. Grande parte dessa parafernália militar venezuelana mudou-se recentemente para Alto Apure, província na fronteira com a colombiana Arauca, em um novo capítulo da guerra que opôs as células do narcoterrorista das FARC ao exército patriótico.
OLHO NO BRASIL
Por outro lado, o Brasil, quinto maior país do mundo, oferece uma grande oportunidade para os belicistas venezuelanos, que deslocaram tanques, helicópteros e mercenários russos para a fronteira com Roraima, onde as FARC mantêm um acampamento.
Resta saber se a moral de combate dos soldados patrióticos é tão forte quanto a dos combatentes ucranianos. Assim, com a vizinha Colômbia na mira e ameaçando o Brasil, Nicolas Maduro faz o jogo do Kremlin enquanto países como Cuba e Nicarágua ajudam a formar um triângulo pró-Rússia com grande impacto na América Latina, especialmente devido à disputa de fronteira marítima entre Manágua e Bogotá, o que pode levar a algum tipo de confronto armado a qualquer momento, com o apoio imediato da Venezuela e Cuba.
A questão que assombra todos os think tanks e academias ao redor do mundo é se haverá uma nova guerra fria na região. E hoje esse medo está se espalhando por todo o continente, principalmente com os movimentos agressivos das forças militares venezuelanas, principalmente nas fronteiras com Brasil e Colômbia. Neste último, a presença de radares russos P-18 nos estados de Zulia, Táchira, Apure e Falcón e de soldados dessa nacionalidade, tem sido denunciada por velhos amigos do regime de Maduro, que parece estar saindo de sua tradicional hiperinflação.
Xadrez complexo que enfrentamos, esperando que a invasão da Ucrânia seja resolvida de alguma forma e possamos retornar a um cenário de estabilidade global, algo que parece impossível de prever por enquanto.
Coronel (Reserva) JOHN MARULANDA é Presidente da ACORE* e colunista exclusivo no Brasil da Revista Eletrônica BlitzDigital.
*(ACORE: Associação Colombiana de Oficiais Militares Aposentados)
Tradução: Olavo Mendonça.
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